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Há cada vez mais pessoas no metro. Gentes de todo o lado e para todo o lado. A toda a hora. Pra casa, pró trabalho, pra a escola, pra encontros amorosos.
Do alto das escadas do estacão da Biblioteca François Mitterrand parecem formigas num qualquer cruzamento em Tóquio. São altas e gordas e baixas e magras. Têm grandes cabelos entrançados e têm carecas cobertas pelos gorros de inverno.
Com sorte vou sentada no metro. Normalmente vou aconchegada entre dois ou três passageiros rechonchudos. E confesso que depois de anos de Covid com distanciamento social, que aqui parece nunca ter existido, a ideia de estar entre duas almofadas aconchegantes é agradável. É esquecer os vírus, os cheiros e a posição fronteiriça com o assédio sexual e a ideia parece quasi agradável…. mas ao sair vem a sensação de alforria do aperto não consentido.
Antes de encarrar esse frio exterior é necessário passar uma serie de corredores labirínticos. Pessoas cruzam-se comigo na mesma direção e na direção contrária enquanto o sistema de som passa mensagens ininteligíveis fazendo lembrar a distopia de um filme de ficção científica.
Paro numa cadeia de café franchisado e ofereço-me uma bebida quente da época, com sabor a festas de fim de ano. Vem a luz do dia e o ar gélido da época entra-se-me nas narinas e gelam as órbitras ao primeiro impacto. Agarro a minha bebida merecida e sigo heroica em direção ao dia de trabalho que me espera.
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