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De Caracas à Sicília, os jovens talentos luso-venezuelanos têm-se afirmado internacionalmente. Camila Gomes, aluna da escola ítalo-venezuelana Simón Bolívar e Giuseppe Garibaldi, foi distinguida como Melhor Atriz na categoria de Interpretação na 8ª edição do Concurso Internacional Uno, Nessuno e Centomila, realizado em Agrigento, Itália.

Este prémio celebra o esforço e o empenho de um grupo de jovens actores que, sob a direção do Professor Natale La Rocca, apresentou em italiano a peça Così è (se vi pare) (Assim é, se assim o pensas), do Prémio Nobel Luigi Pirandello.

O vice-diretor Claudio Milazzo representou a escola no festival, apresentando a gravação da peça, que cativou o júri internacional. “Receber esta notícia de Caracas foi muito emocionante”, confessou Camila Gomes. “Ser reconhecida na terra de Pirandello reafirma o meu sonho de me dedicar profissionalmente ao teatro. É como se o universo confirmasse que estou no caminho certo.

Sobre o desafio de interpretar Pirandello em italiano, a jovem atriz reflete: “Dominar a língua em sala de aula foi apenas o primeiro passo. Encarná-lo em palco exigia ir mais longe: cada pausa, cada gesto, cada inflexão vocal precisava de transmitir a autêntica italianidade. Passei noites inteiras a ensaiar em frente ao espelho até os diálogos deixarem de ser palavras e passarem a ser verdades vividas. Este prémio é a prova de que consegui, ainda que momentaneamente, transformar-me nessa personagem siciliana”. Para além de Camila Gomes, a companhia de teatro da escola era composta por Enmanuel Sánchez, Miguel Páez, Salomé Manzano, Rocío Pérez, Roger Capozzolo, Luisana Carrero, Gabriel Acosta, Valery González, Sarah Peñuela e Diego Ponce.

Por seu lado, o Professor La Rocca sublinhou o valor formativo da experiência: “Trabalhar com Pirandello é sempre um desafio, mas estes jovens demonstraram uma extraordinária maturidade interpretativa. Esta farsa filosófica, que questiona a verdade e as aparências, permitiu-nos crescer tanto a nível artístico como pessoal”, explicou. Escrita em 1917, a peça continua atual, explorando temas como o preconceito social e a identidade.

Claudio Milazzo partilhou o significado pessoal desta conquista: “Este prémio não é apenas um reconhecimento, mas o eco de uma história que começou há 71 anos, quando os meus pais, Filippo e Liboria Milazzo, transformaram um salão improvisado num porto de sonhos para os filhos de imigrantes italianos. Receber este prémio na terra de Pirandello, esse génio que nos ensinou que a verdade tem mil faces, é profundamente simbólico. Hoje, os nossos alunos demonstraram ao mundo a força do teatro escolar: uma arte onde a emoção e o empenhamento se fundem”.

Dirigindo-se aos jovens actores, acrescentou: “A vossa coragem em representar Così è (se vi pare) mostra que o futuro do teatro está em mãos apaixonadas e empenhadas. Como dizia Pirandello, cada personagem contém multidões e vocês souberam dar-lhes vida com sensibilidade e maturidade. Não deixe de sonhar. Cada história que vocês representam não só deixa uma marca, mas constrói pontes entre a Venezuela e a Itália.

Milazzo concluiu com uma frase carregada de simbolismo: “Este prémio não é um fim, mas o início de novos caminhos. Como dizia a minha mãe Liboria: 'A educação é o único passaporte que nunca caduca'. Hoje, esse passaporte levou-nos à Sicília. Amanhã... quem sabe que outros cenários nos esperam”.

O concurso, organizado com o apoio do Ministério dos Negócios Estrangeiros italiano e da Fundação Teatro Pirandello, reuniu participantes de vários países, fazendo de Agrigento um verdadeiro caldeirão de culturas e de jovens talentos.

Para a Escola Bolivar e Garibaldi, este reconhecimento transcende o artístico: representa um firme compromisso com as artes como veículo de educação integral e crescimento comunitário. Enquanto Camila e os seus colegas celebram, a sua história torna-se uma inspiração para outros jovens que, nas salas de aula e nos palcos, descobrem o poder transformador do teatro.

Este prémio projecta o teatro escolar venezuelano para novos horizontes, demonstrando que a formação artística também constrói uma presença internacional.

 

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