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Considero que as agências de sondagens deviam ser proibidas de publicar sondagens 15 dias antes do dia das eleições.
Digo isto, porque as sondagens influenciaram a votação, sobretudo o voto útil.
Sabíamos que o PCP e o BE iam ser penalizados por não terem passado o Orçamento de Estado. Mas, será que a queda destes dois partidos seria assim tão grande se as sondagens não tivessem dado um empate técnico entre António Costa e Rui Rio? Seguramente que não.
E não, porque a possibilidade de a direita portuguesa vir a ganhar as eleições com o fantasma de uma coligação entre o PSD e o Chega, mobilizou o voto útil. Essa coisa que só é verdadeiramente útil para quem o recebe e não para quem o dá como refere e bem o antigo líder do CDS, do alto dos seus 99 anos, Adriano Moreira.
A disparidade dos números das sondagens, já contando com a margem de erro, relativamente aos dois grandes partidos, PS e PSD, foi tal que ficamos a perguntar qual é a base científica que leva a tamanho disparate. E, até pode levar a teorias da conspiração, o que é perigoso para a democracia.
Pela primeira vez, imagine-se, as sondagens acertaram no defunto CDS (nem todas e atendendo à margem de erro). Também não era difícil. Não precisávamos da ciência para chegar a essa conclusão, bastava apenas o bom senso.
Também andaram perto da realidade com o Chega e a Iniciativa Liberal (nas tendências não nos valores). De onde se conclui que o aumento da votação no PSD, ao ponto de uma sondagem (JN/DN/TSF) ter dado até a vitória a Rui Rio, vinha da esquerda do PS ou mesmo do PS. Mais um absurdo à luz da análise política.
Aliás, nem sondagens nem analistas políticos acertaram em coisa alguma.
Em relação ao PAN e ao Livre as análises até pareciam depender do humor dos analistas, esse critério supra-científico.
A esquerda portuguesa, à esquerda do PS, ficou quase insignificante. A direita portuguesa, à direita do PSD, cresceu exponencialmente e o PSD teve a mais pesada derrota da sua história. Em relação ao PSD, as sondagens nunca andaram perto deste cenário.
Era previsto que o Partido Socialista iria ganhar as eleições.
No entanto, ninguém nem mesmo António Costa acreditava na possibilidade de uma maioria absoluta. É a minha convicção, bastava ver como nos últimos dias antes do domingo eleitoral e face à possibilidade de perder as eleições, começou a abrir as portas a um diálogo com a esquerda geringonça, até então morta e enterrada.
Portanto, está à vista que se não fosse o "susto" pregado pelas agências de sondagens, jamais o Partido Socialista teria tido uma maioria absoluta.
Como tal e percebendo-se, como parece óbvio, que as sondagens influenciaram o voto dos eleitores, as sondagens não deviam ser divulgadas num período próximo ao acto eleitoral.
É nesta medida, que entendo que António Costa, pela maioria absoluta que obteve, bem pode agradecer às agências de sondagens!
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Author:Damião Cunha VelhoEmail:Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
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