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Milhares de pessoas juntaram-se hoje em Paris numa manifestação convocada por partidos de esquerda e sindicatos contra o Presidente francês, Emmanuel Macron, e à sua escolha para primeiro-ministro, com receio de um governo de extrema-direita.

Após dois meses das eleições legislativas, o partido França Insubmissa (LFI), membro da coligação Nova Frente Popular (NFP), que elegeu o maior número de deputados sem uma maioria absoluta, convocou por toda a França uma mobilização pelo “golpe de força” de Macron, que nomeou na quinta-feira o conservador Michel Barnier, de 73 anos, como primeiro-ministro.

“Estou aqui hoje porque estou extremamente chocada com o abuso de poder e a traição de Macron, não é a única, mas é a pior que ele desencadeou no legislativo num momento perigoso, em que a extrema-direita União Nacional (RN) estava no seu nível mais elevado”, disse à Lusa Bernardette, de 60 anos.

O desfile, que começou na Place de la Bastille às 14:00 horas (13:00 de Lisboa) e partiu devagar pelas ruas em direção a Nation (a cerca de dois quilómetros), teve como objetivo mostrar que “as pessoas não se vão deixar enganar” e estão "em desacordo com o abuso de poder de Macron", segundo Bernardette.

A NFP exigiu que Macron devia nomear como chefe de governo a sua candidata Lucie Castets, mas o Presidente francês recusou-se, decidindo nomear Barnie, membro do partido de direita Republicanos, que obteve 6% dos votos nas eleições, que poderá não ser censurado pela extrema-direita União Nacional (RN) de Marine Le Pen.

Para Bernardette, esta nomeação mostra a aproximação de Macron com a extrema-direita, porque “a política que vai ser seguida não é a política em que o povo votou, mas a política de extrema-direita, que será tanto a de Macron como a que Marine Le Pen aceitará”.

Também o líder da LFI, Jean-Luc Mélenchon, esteve presente na manifestação onde afirmou que esta será “uma batalha e uma luta que durará muito tempo” e que será apresentada uma moção de censura contra Barnier, assim que as sessões parlamentares começarem, o que poderá não acontecer antes de outubro.

Muitos manifestantes traziam cartazes com frases como “Democracia?”, “Revolução, Macron, tu quebras as urnas”, “Frente popular” e “Ainda bem que votámos”, foi o caso de Magali e Jean-Marc, de 45 e 65 anos respetivamente, que acompanhados das suas duas filhas menores seguravam dois cartazes que mostravam o seu desagrado com a situação do país.

“A situação não é boa, não é normal o que está a acontecer. O Presidente fez algo que não é democrático, não respeita as pessoas e isto é um cálculo político, ele quer ficar no poder”, afirmaram à Lusa.



Macron “não é capaz de ouvir, ele nunca ouviu pessoas na rua (…) então não é hoje que ele vai ouvir, mas é importante que haja muitas pessoas na rua para mostrar isso ao mundo inteiro”, referiram.

Relativamente ao futuro do país, o casal acredita que “a esquerda vai ganhar em breve”, tendo esperança que haja um enfraquecimento da extrema-direita, mas por agora haverá “realmente um problema com uma política de direita muito dura, muito próxima da extrema-direita”.

Os manifestantes fizeram-se acompanhar de música, principalmente vindo de um grupo de emigrantes que afirmava que “a sua arma é a solidariedade”, mostrando-se contra o que chamou racismo e fascismo da extrema-direita.

“Estou aqui para manifestar o meu desacordo, porque é como se tivéssemos votado por nada” devido à escolha de Macron, afirmou à Lusa Ali, marroquino de 70 anos.

Ali, que vive e trabalha na França há 50 anos, saiu à rua para “defender a democracia que hoje está em perigo na França”, descrevendo-se como um “homem de esquerda”, que acha que o futuro passará pela extinção dos partidos de esquerda pelas suas divisões, inclusive no apelo a manifestações.

“Há um falso princípio democrático essencial: a esquerda chegou à frente nas eleições legislativas após a dissolução [do parlamento] que foi feita por Macron”, disse à Lusa Raphaël Huot, de 20 anos, referindo que não vão ter "o primeiro-ministro que gostaríamos".

Já para Nawel Sehili, também de 20 anos, existe uma reviravolta, já que Macron “faz abertamente uma aliança com a extrema-direita (RN) e, por isso, há poucas chances de [Michel Barnier] ser censurado”, mas os franceses tentam "manter a esperança no futuro".

A manifestação contou ainda com um grande aparato policial espalhado pelas ruas da capital francesa, principalmente no ponto de chegada em Nation, mas sem desacatos ou violência.


 

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