Parceiros

(Tempo de leitura: 2 - 3 minutos)
Foto: DR


A obra moderna do presépio que queria unir acabou por gerar críticas, vandalismo e revolta na capital belga.

O presépio de Natal instalado este ano na Grand-Place, em Bruxelas, tem dominado o debate público. O modelo anterior, utilizado durante vários anos consecutivos, levou a comuna a optar pela sua renovação e modernização, lançando para o efeito um concurso em colaboração com autoridades católicas na sua escolha, entre as quais o arcebispo Luc Terlinden. A proposta vencedora foi da artista católica Victoria-Maria Geyer, que concebeu uma peça que se pretendia inclusiva e universal, afirmando desejar que todos os católicos, independentemente do seu contexto ou origem, se pudessem identificar com as imagens da narração bíblica. O presépio, concebido em 360°, apresenta as figuras de Maria, José e os reis magos sem rosto, com cabeças em tecido colorido, simbolizando a diversidade étnica e pretendendo ser inclusivo.

Contudo, a polémica surgiu logo após a inauguração, a 28 de novembro devido ao design invulgar das figuras sem rosto, criticado por parte do público e da esfera política. A controvérsia agravou-se ainda mais horas depois da abertura ao público: entre a noite de 28 e a madrugada de 29 de novembro, a cabeça do Menino Jesus foi decapitada e roubada, gerando forte repercussão mediática. Importa notar que este tipo de vandalismo tem precedentes na Grand-Place, onde o Menino Jesus já foi furtado em anos anteriores. A imagem foi entretanto reposta e o presépio encontra-se sob vigilância de um segurança.

Entre os críticos mais vocalizados esteve Georges-Louis Bouchez, político do MR, que chegou a comparar as figuras a zombies e que lhe faziam lembrar os sem abrigo da Gare do Midi. Também Sammy Mahdi, líder democrata-cristão flamengo, considerou que a questão deve ser debatida, visto tratar-se da forma como a sociedade lida com as tradições. Face à contestação, o Doyen de Bruxelas-Centro, Benoît Lobet, respondeu defendendo a instalação: recordou que a obra está conforme ao mistério cristão do Natal, da Incarnação, e sublinhou que os comentários depreciativos acabam por chamar atenção para realidades sociais profundas - “Queríamos lembrar que cerca de 9.000 pessoas dormem na rua em Bruxelas, muitas delas crianças. Ajudar os vulneráveis — isso é que são valores cristãos”, afirmou, acrescentando que a artista tem sido alvo de insultos e ameaças e deverá receber apoio institucional.

O presépio da Grand-Place tornou-se um espelho dos debates atuais sobre tradição, arte contemporânea e inclusão. Entre fortes críticas e elogios, o presépio permanece no centro da capital europeia como símbolo de um Natal vivido entre história, fé e controvérsia, à semelhança dos acontecimentos no dia D.


 



 

Temos em linha

Temos 6325 visitantes e 1 membro em linha

Colunistas

EVENTOS ESTE MÊS

Seg. Ter. Qua. Qui. Sex. Sáb. Dom.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

Ambiente

We use cookies
Usamos cookies no nosso site. Alguns deles são essenciais para o funcionamento do site, enquanto outros nos ajudam a melhorar a experiência do utilizador (cookies de rastreamento). Você pode decidir se permite os cookies ou não. Tenha em atenção que, se os rejeitar, poderá não conseguir utilizar todas as funcionalidades do site.