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Em tempos de campanha eleitoral, multiplicam-se as visitas, os sorrisos, os apertos de mão e as promessas. De repente, a comunidade portuguesa na Bélgica passa a existir no radar de políticos e candidatos que, durante o resto do ano — ou mesmo durante todo o mandato — raramente olham para quem vive e trabalha fora das fronteiras portuguesas.

A presença política junto da diáspora devia ser constante, coerente e comprometida. No entanto, há quem surja apenas quando há votos em jogo. Para muitos políticos, os emigrantes são uma plateia a aplaudir, um número estatístico útil para garantir mais um assento parlamentar, e não cidadãos com direitos, necessidades e opiniões próprias.

A comunidade portuguesa na Bélgica tem dado provas de resiliência, integração e participação ativa na sociedade local. É composta por trabalhadores, empresários, estudantes e famílias que mantêm uma ligação profunda a Portugal, mesmo vivendo a milhares de quilómetros de distância. Merece, por isso, mais do que visitas relâmpago e discursos preparados. Merece representação real, políticas pensadas com conhecimento de causa e canais permanentes de diálogo.

Ainda assim, a ausência frequente de representantes políticos evidencia uma desconexão preocupante. As visitas tornaram-se exceções e não regra, reforçando a perceção de que a presença política junto da diáspora é usada mais como argumento de campanha do que como prática de governação. Esta ausência é sentida, comentada e criticada por quem esperava uma relação mais próxima com o poder político português.

É legítimo questionar: quem está ao serviço de quem? Os políticos ao serviço da comunidade ou a comunidade ao serviço dos ciclos eleitorais?

As campanhas eleitorais devem ser momentos de proximidade, escuta e compromisso — não de espetáculo. A comunidade portuguesa na Bélgica, como tantas outras espalhadas pelo mundo, não é um figurante em cena. É protagonista da história recente de Portugal, com contributos reais na economia, cultura e relações internacionais.

O que se exige, portanto, é continuidade, respeito e seriedade. Porque os emigrantes não votam apenas — eles contam. E já é tempo de deixarem de ser lembrados apenas quando convém.