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Foto: Tony da Silva


Amândio Maia relembra a vida de emigrante, a ausência de apoios no passado e a importância do engenho para vencer desafios. Pretende voltar a viver em Valpaços, sua terra natal, na reforma.

Amândio dos Santos Maia, natural de Valpaços, distrito de Vila Real, é um exemplo vivo das muitas histórias de emigração que marcam Portugal. Aos 70 anos, carrega uma trajetória de coragem, resistência e sucesso. Aos 15 anos, Amândio partiu para França, fugindo do serviço militar obrigatório português, iniciando uma jornada que o levaria a criar uma marca internacional de produção de papel em Bruxelas.

Sua vida ativa permanece intensa. Amândio é membro da Ordem de São Vicente e presidente da Academia do Bacalhau em Bruxelas, uma organizações que promovem a cultura portuguesa e apoia causas humanitárias. Seu percurso revela não só a busca por estabilidade, mas também um forte compromisso com a comunidade.

A primeira experiência de emigração foi em França, onde viveu com um irmão na Normandia. No entanto, devido à sua menoridade e restrições legais, teve que voltar a Portugal, onde trabalhou como marceneiro e vendedor. Com a convocação para o serviço militar durante as guerras coloniais em África, Amândio decidiu fugir para Espanha, recusando-se a participar numa missão com a qual não concordava.

Durante os anos em Espanha, viveu na clandestinidade, utilizando documentos falsos e evitando problemas com as autoridades. Só após a Revolução do 25 de Abril e a morte do ditador Franco, em 1976, as condições políticas mudaram. Mesmo assim, uma lei em Portugal ameaçava prender desertores do serviço militar, o que levou Amândio a buscar uma nova vida na Bélgica, onde se fixou definitivamente.

Em Bruxelas, a adaptação não foi fácil, mas Amândio contou com o apoio da comunidade portuguesa local. Juntamente com a esposa, trabalhou em restaurantes como o St-Anne e a Cascada, e associou-se a organizações culturais. Sua experiência internacional e sua ambição impulsionaram-no a fundar a empresa S.I.R.C.I SRL - Estrela em 1997.

Além da atividade empresarial, Amândio dedicou-se à solidariedade, com projetos em Bangladesh e colaboração com Médicos Sem Fronteiras em França. A presidência da Academia do Bacalhau em Bruxelas reflete seu compromisso em preservar a cultura portuguesa e ajudar os compatriotas.

Para Amândio, a emigração hoje é diferente:

"No meu tempo, não havia ajudas — era preciso desenrascar-se sozinho. Hoje, com tantas facilidades, falta muitas vezes o engenho e a necessidade que fazem o homem inventar."

Ele mantém viva a ligação com Portugal e pretende voltar a viver lá na reforma, construindo uma casa em Valpaços, sua terra natal.

Sua história é a de um homem que nunca desistiu dos seus sonhos, que respeita suas origens e que deixou sua marca entre várias gerações de emigrantes portugueses.


 



 

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