Lisboa, 30 mai 2025 – A Língua Portuguesa perdeu esta semana uma das suas vozes mais lúcidas e comprometidas com a verdade linguística: Fernando Venâncio, escritor, ensaísta e crítico literário, faleceu deixando um legado incontornável na reflexão sobre a língua, a literatura e a identidade portuguesa.
Autor de obras como Assim nasceu uma língua e Quem disse que o povo é quem mais ordena?, Venâncio destacou-se pela clareza analítica e pela coragem intelectual. Ao longo da sua carreira, não hesitou em questionar dogmas estabelecidos, desafiando mitos nacionalistas sobre a origem do português e propondo uma visão mais rigorosa, enraizada na história e na linguística.
“A verdadeira portugalidade não teme a verdade: sabe que o português descende do galego”, dizia com frequência. Era essa lucidez desprovida de sentimentalismo que o tornava único: nem patriota cego, nem indiferente à cultura, mas um pensador comprometido com o conhecimento e a integridade intelectual.
Fernando Venâncio nasceu em 1944, em Mértola, e viveu muitos anos nos Países Baixos, onde lecionou Língua e Literatura Portuguesas. Foi também um prolífico colaborador da imprensa cultural e um interveniente ativo nos debates sobre a reforma ortográfica e o ensino da língua.
Com a sua morte, desaparece uma das vozes mais lúcidas no espaço lusófono — alguém que soube articular a paixão pela língua com o rigor do pensamento, e que sempre defendeu que amar o português é, antes de tudo, compreendê-lo sem ilusões.
O seu legado permanece vivo nas suas obras e no exemplo de pensamento livre e fundamentado que deixa às futuras gerações.