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Porto 19 maio 2025 - As recentes eleições vieram evidenciar uma desconexão profunda entre o discurso mediático dominante e a realidade do país. Os resultados, surpreendentes para alguns, não foram senão o reflexo de um mal-estar prolongado que há muito vinha sendo ignorado por quem ocupa os palcos da política e do comentário televisivo.

Depois de anos marcados por sucessivas idas às urnas — legislativas, presidenciais, europeias, autárquicas —, os portugueses habituaram-se a ver desfilar os mesmos rostos, as mesmas análises e os mesmos argumentos. Os painéis de “comentadores residentes” transformaram-se numa espécie de eco de si próprios, oferecendo ao público uma sensação constante de déjà vu, onde pouco ou nada se acrescenta à compreensão dos verdadeiros problemas que afetam a vida das pessoas.

Este ciclo de repetição tornou-se sintoma de uma bolha político-mediática que pouco dialoga com o país real. Enquanto se discute intensamente em estúdios de televisão e nas páginas dos jornais os jogos de bastidores e estratégias partidárias, uma larga franja da população vê-se desamparada, sem representação nem escuta nos espaços de debate público.

É, por isso, urgente que o jornalismo reencontre a sua missão essencial: informar com rigor, questionar o poder — todo o poder — e dar voz à diversidade de experiências, sentimentos e opiniões que compõem a sociedade portuguesa.

Só assim será possível reconstruir a confiança dos cidadãos nos media e cumprir um papel verdadeiramente democrático. Porque uma democracia forte não se sustenta apenas com votos — exige pluralismo, escuta ativa e responsabilidade jornalística.

Miguel Cunha

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