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Nos últimos anos, muito se tem falado da "geração mais bem preparada de sempre".

Este rótulo, frequentemente associado aos jovens que estão a entrar no mercado de trabalho, sugere uma nova era de competências e conhecimentos, moldados por um contexto global em rápida evolução e pela digitalização da sociedade. Contudo, esta geração, embora altamente qualificada, enfrenta uma realidade complexa que está a levar muitos dos seus membros a procurar oportunidades além-fronteiras, pela falta de condições de trabalho e de vida em Portugal.

A geração que nasceu entre o final dos anos 90 e o início dos anos 2000, a chamada “Geração Z”, é frequentemente vista como a mais instruída, com um acesso sem precedentes à informação e tecnologia. As redes sociais, a educação e as novas formas de comunicação proporcionaram um ambiente de aprendizagem que ultrapassa o tradicional. No entanto, a formação académica e as competências adquiridas não garantem necessariamente uma integração plena no mercado de trabalho, proporcionando uma fuga de talentos.

As instituições de ensino portuguesas, apesar de se esforçarem por se adaptarem a estas novas exigências, muitas vezes ainda perpetuam métodos e conteúdos anacrónicos. Esta desconexão entre a formação teórica e as realidades práticas do mundo laboral tem gerado descontentamento entre os jovens, que se sentem preparados, mas desiludidos com as oportunidades disponíveis no seu próprio país.

Portugal, em particular, tem assistido a uma crescente emigração de jovens altamente qualificados, que se sentem compelidos a deixar o país em busca de melhores perspetivas de carreira e de um futuro mais promissor em ambientes que valorizam as suas capacidades. No entanto, a saída maciça de talento representa uma perda significativa para a nação, que investiu consideravelmente na formação destas novas gerações.

Os desafios sociais e económicos, incluindo a falta de oportunidades e os salários baixos, têm levado muitos a questionar se vale a pena permanecer. A procura de melhores condições de vida e de trabalho mais dignos é uma constante motivação para a emigração, que pode ser vista como uma busca pela realização pessoal e profissional, mas também como uma forma de escapar de um sistema que, em muitos casos, parece não reconhecer ou valorizar adequadamente o potencial dos seus jovens.

Por conseguinte, é imperativo que as autoridades e as instituições de ensino desenvolvam estratégias concretas que garantam a retenção e valorização do capital humano altamente preparado. O futuro do país dependerá da capacidade de criar um ambiente onde a “geração mais bem preparada” possa encontrar oportunidades que correspondam ao nível das suas competências. Se não o fizermos, corremos o risco de ir atrás de uma legião de potenciais perdidos, cujas contribuições podem ter ainda um impacto transformador na nossa sociedade.

Em conclusão, temos diante de nós uma geração altamente preparada e cheia de ambição, mas também marcada pela frustração e pela necessidade de partir. Para que eles se possam sentir verdadeiramente “realizados”, não basta levá-los a acreditar no seu valor – é fundamental que Portugal esteja disposto a refletir esse valor em oportunidades concretas, evitando que os nossos jovens se tornem apenas mais uma estatística de emigração. O futuro é deles, mas é nosso também o dever de lhes garantir que esse futuro possa ser construído em casa.


 


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