A décima edição da Atlantic Music Expo (AME) arranca na segunda-feira, na capital cabo-verdiana, com concertos de entrada livre, uma feira dirigida a profissionais, segundo a organização, que faz um balanço positivo de uma década do evento.
“O AME serviu para mudar muitas mentalidades e dar conhecimento” sobre o mundo da música, disse à Lusa Augusto Veiga, diretor-geral do evento.
Além dos espetáculos musicais, que sempre foram de entrada livre, o AME tem uma forte vertente profissional, com conferências, workshops, intercâmbios e encontros, na Praia.
Antes do AME, muitos artistas nem sequer tinham um cartão-de-visita, mas agora preocupam-se com a apresentação, querem estar mais bem preparados e muitos até já têm um representante, exemplificou: a feira “melhorou muito o meio artístico em Cabo Verde”.
“A reação do público tem sido muito boa. Havia muitos artistas desconhecidos, então, acreditamos que o evento também serviu para educar o nosso público”, frisou.
O AME trouxe ainda melhorias na relação musical entre Cabo Verde e outros países, com o aumento de colaborações entre africanos, europeus e brasileiros, e entre os próprios cabo-verdianos residentes no país e os que fazem parte da diáspora.
O evento tende também a transformar Cabo Verde num “destino de turismo cultural”, uma vez que já há quem marque férias para abril para coincidirem com o AME e o Kriol Jazz Festival (KJF), logo a seguir - este ano, de 04 a 06 de abril -, organizado pela Câmara Municipal da Praia e pela produtora Harmonia.
“A partir do momento em que estes dois eventos começaram a consolidar-se, a procura cresceu”, sustentou Augusto Veiga, dizendo que o impacto económico tem sido visível para a hotelaria, restauração ou transportes.
O próximo passo, traçou o diretor-geral, é transformar um AME num “evento itinerante”, para chegar a todas as ilhas do arquipélago – em 2023 foi descentralizado para São Vicente.
Para isso, avisou que é preciso ter mais apoios do Governo, que reduziu o seu financiamento em 20%, desde a saída do Ministério da Cultura em 2018, ano em que a feira musical passou a ser assumida pela Associação Cabo Verde Cultural (ACVC).
“Acreditamos que se tivéssemos mais financiamento por parte do Governo, poderíamos fazer muito melhor”, considerou o diretor-geral do AME, lembrando que se trata de um “projeto estruturante” para a cultura e para a economia do arquipélago.
A 10.ª edição arranca na noite de segunda-feira, com uma atuação de cerca de 40 minutos de artistas cabo-verdianos, no Auditório Nacional.
A música prossegue na noite seguinte em quatro palcos, três deles no Plateau, centro histórico da Praia, onde também será realizada a tradicional feira de produtos cabo-verdianos.
Durante os três dias, vão atuar 15 artistas e grupos cabo-verdianos e nove de outros países, como Portugal, Itália, Brasil, Japão/Estados Unidos, Angola, República Democrática do Congo (RDCongo), Venezuela e Canadá.