Como minhoto, português orgulhoso das minhas raízes e editor de um jornal dedicado às comunidades, soube da iniciativa que irá vestir o Manneken-Pis com um traje tradicional português, no âmbito das comemorações do 25 de Abril, em Bruxelas.
A ideia de ver um dos mais emblemáticos símbolos da Bélgica trajado com a riqueza da nossa tradição etnográfica é, sem dúvida, um gesto bonito, simbólico e carregado de emoção. Mais ainda quando esse gesto é acompanhado por um cortejo folclórico do grupo “Coração Minhoto”, que levará ao centro de Bruxelas um pouco da alma da nossa terra, e por um Porto de Honra que reúne compatriotas em torno dos valores da Liberdade e da Democracia.
No entanto, não posso deixar de expressar alguma frustração e tristeza: como é possível que um jornal que serve há anos a comunidade portuguesa em Bruxelas, com o propósito de informar e valorizar as suas iniciativas, não tenha sido informado nem envolvido nesta ocasião?
O jornalismo comunitário — feito muitas vezes com poucos recursos, mas com enorme dedicação — vive destas pontes, destes momentos de união e de afirmação identitária. Ignorar um meio de comunicação local é perder uma oportunidade valiosa de chegar mais longe, de envolver mais pessoas e de reforçar o sentimento de pertença que estas ações procuram justamente celebrar.
Sabemos que não basta organizar bons eventos. É fundamental comunicar bem, com inclusão, abertura e respeito pelo trabalho de quem, diariamente, dá visibilidade à nossa cultura e às nossas histórias além-fronteiras.
Parabéns pelo gesto, pela ideia e pela celebração do 25 de Abril — que se repitam muitas vezes. Mas, da próxima, com mais vozes à mesa e mais mãos a contribuir para que a festa seja de todos.
25 de Abril sempre. E que a Liberdade também se manifeste na forma como escolhemos comunicar e partilhar.