Promessas Vazias e Comunicação Superficial
Numa época em que a política deveria ser o bastião da esperança e do progresso, assistimos a um fenómeno preocupante que se alastra por todo o espectro político: a banalização das promessas, o empobrecimento do discurso e a manipulação da atenção pública.
A quebta fe ligação entre os políticos e os cidadãos tem vindo a acentuar-se, revelando um pano de fundo onde o que importa é a criação de espetáculo e distração.
As soluções concretas passam para segundo plano.
É inegável que as promessas eleitorais, frequentemente apresentadas como soluções milagrosas para problemas complexos, estão a perder a sua credibilidade. As eleições, que deveriam ser um momento de compromisso e responsabilidade, transformaram-se, muitas vezes, numa exibição de frases feitas, onde os discursos retóricos são recheados de vagas promessas que, após serem empossados, caem rapidamente no esquecimento. As pessoas começam a olhar para os políticos como figuras que proferem palavras ocas, distraídas da realidade que enfrentada pelos cidadãos todos os dias.
Acresce a isto o empobrecimento do vocabulario político, que se concentra em frases curtas e repetitivas, muitas vezes reduzidas a slogans ou soundbites que não conseguem transmitir a complexidade dos desafios que devemos enfrentar enquanto sociedade. A comunicação tornou-se um jogo superficial, onde o que interessa não é a substância, mas o impacto imediato e a viralidade que uma frase ousada possa gerar nas redes sociais. Isto resulta numa comunicação vazia, que provoca aplausos momentâneos, mas que não traz consigo qualquer plano de ação significativo ou eficaz. A retórica desmedida e o palavreado fraco acabam por afastar os cidadãos em vez de os envolver.
Além disso, a criação de casos políticos para desviar a atenção dos problemas reais é um fenómeno que se tornou recorrente. Cada vez que um escândalo surge, é como se um cortina de fumo se formasse; problemas estruturais, como a qualidade dos serviços públicos, a saúde, a educação e as desigualdades sociais, são colocados de lado, enquanto o público se vê envolvido em debates efémeros sobre questões que, embora importantes, não constituem a essência dos desafios que a sociedade precisa de resolver. A manipulação da atenção pública não é apenas uma estratégia política, mas um sintoma de um sistema que prefere o espetáculo ao conteúdo.
A verdade é que a política deve ser mais do que uma mera troca de palavras sonantes. É fundamental que os cidadãos exijam responsabilidade e consistência por parte dos seus representantes. O futuro do nosso país não pode estar preso à retórica vazia ou a casos criados apenas para distrair. Precisamos de líderes que tenham a coragem de assumir compromissos reais e que se dediquem a implementar políticas sérias e efetivas.
Chegou o momento de elevar o discurso político, de voltar aos princípios da transparência e da verdadeira comunicação. É através da honestidade e da clareza que podemos reconstruir a confiança entre os políticos e o povo. A política deve estar ao serviço da sociedade e dos seus desafios, e não um espetáculo que consome a atenção e a energia de todos, acabando por desviar do que verdadeiramente importa. Somente assim será possível cumprir as promessas feitas e construir um futuro digno dos portugueses.