A SOS Quinta dos Ingleses - Associação Ambiental e os Alvorada da Floresta realizaram ontem, 7 de abril, uma manifestação contra os megaempreendimentos em curso em Carcavelos, em especial, o previsto para a Quinta dos Ingleses, o Bairro da Torre e o Hotel Hilton.
Na manifestação estima-se que tenham estado presentes mais de 1500 pessoas, ao longo de um percurso que rodeou a Quinta dos Ingleses e que terminou na zona do parque de estacionamento público da mesma, com as pessoas a concentrarem-se à volta das palavras gigantes "Save Me", escritas em feltro vermelho no chão.
Esta foi a maior manifestação e mais concorrida de sempre em Cascais, que, tal como a petição em curso em defesa da mata da Quinta dos Ingleses, com perto de 5000 assinaturas, demonstra que o problema do excesso de construção e da destruição do ambiente (em particular da Quinta dos Ingleses) recolhe um apoio cada vez mais expressivo, tal como as preocupações ligadas à preservação do surf e da orla costeira de Carcavelos, que estão em risco
O que está em causa?
A Quinta dos Ingleses é um espaço verde com 52 hectares, dos quais 35 hectares são floresta, que se situa na zona costeira de Carcavelos, Cascais. Esta área está em risco de dar lugar a um megaempreendimento com prédios de 7 andares, 850 apartamentos, 150 apartamentos turísticos e um hotel, e ainda zonas comerciais e de serviços. No terreno ao lado, no Bairro da Torre, a Câmara de Cascais licenciou a construção de mais 567 apartamentos turísticos; e o futuro Hotel Hilton terá 116 apartamento turísticos e 66 quartos ou apartamentos da cadeia Hilton, o que, no total e com os outros equipamentos previstos, representará um aumento da população local entre 3000 e 4000 pessoas, concentrada junto à praia, naquela que já é uma das freguesias mais densamente povoadas de Portugal, com cerca de 6000 habitantes por km2 e sem áreas verdes significativas.
As construções em curso e previstas terão um impacto muito negativo no ambiente e na qualidade de vida das populações, na praia e na prática do surf, porão em causa toda a biodiversidade existente, agravarão os riscos de cheia e o aquecimento do interior da freguesia, impedindo a circulação da brisa marinha e alterando os ventos, ficando a freguesia de Carcavelos e Parede ainda mais sujeita às consequências dos fenómenos climáticos extremos.
Foi contra tudo isto que a população local se manifestou em força.
Vivemos em plena crise climática e a Câmara Municipal de Cascais tem o dever de zelar pelo ambiente, segurança e bem-estar da população de Carcavelos. Queremos um parque natural urbano que abranja a totalidade da Quinta dos Ingleses e o Bairro da Torre, que retenha o CO2, preserve a praia, mitigue os efeitos das ondas de calor e das chuvas extremas, sirva, com segurança, de área de lazer significativa e não se reduza a cerca de 8 hectares, ou seja, a um jardim alargado, como pretende a Câmara Municipal de Cascais, a construtora Alves Ribeiro e a Associação St. Julian's.
Há que agir localmente para impactar globalmente. Há que cumprir as metas de controlo das emissões de carbono. Há que restaurar os ecossistemas degradados, em linha com a legislação europeia recentemente aprovada.
OIÇAM AS NOSSAS VOZES:
Câmara de Cascais, Stop Greenwashing!
Construtora Alves Ribeiro e St. Julian´s School: onde está a vossa ética relativamente à crise climática, à importância do restauro da natureza e às vossas responsabilidades sociais, como 5.º maior grupo económico de Portugal e como instituição de ensino inglês de prestígio, há 90 anos estabelecida em Carcavelos?