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Berlim, 04 mai 2025 (Lusa) – Os conselheiros das comunidades portuguesas na Alemanha acreditam que pouco ou nada irá mudar com o novo chanceler, Friedrich Merz, que deverá tomar posse no dia 06 de maio.

“A comunidade portuguesa não se envolve muito na política alemã. Eu quero crer que grande parte dos portugueses nem conhecem a composição da coligação. Por todos estes motivos, a preocupação não se faz sentir na comunidade portuguesa”, disse à Lusa Manuel Machado.

O conselheiro das comunidades, a viver em Burscheid, perto de Colónia, assume que preferia que “não fosse necessária uma coligação” para formar Governo, que junta o partido mais votado, a União Democrata-cristã (CDU), partido da antiga chanceler Angela Merkel, com o Partido Social Democrata (SPD).

As eleições antecipadas decorreram em 23 de fevereiro e, menos de dois meses depois, foi anunciado com sucesso o final das negociações para a formação de uma chamada “grande coligação”. Ainda assim, algumas sondagens recentes mostram o partido de extrema-direita anti-imigração, AfD, a igualar e até mesmo ultrapassar a CDU.

“Infelizmente prometeram coisas e agora estão a fazer exatamente o contrário. Acredito que, se as eleições fossem agora, o partido que ninguém quer (Alternativa para a Alemanha) seria o mais votado porque a população está farta de ser enganada”, admitiu António Horta.

“Para nós não acredito que haja mudanças. A comunidade portuguesa está bem integrada. Somos europeus, não temos problemas com diferentes etnias, religiões. Nada se vai alterar”, acrescenta o conselheiro das comunidades portuguesas, a viver na Alemanha desde 1973.

Em janeiro, o futuro chanceler, Friedrich Merz, rompeu uma promessa, tornando-se o primeiro líder da CDU a aprovar uma moção no Bundestag com o apoio da extrema-direita, o partido AfD, considerado pelos serviços secretos como uma ameaça à ordem democrática alemã. Os conservadores querem apertar as políticas migratórias no país.

Em março, Merz acordou com o SPD e os Verdes uma reforma do travão da dívida, algo que ele tinha expressamente excluído durante a campanha eleitoral.

“A situação política na Alemanha é, devido também à situação internacional, complicada”, sustentou Mário Botas, na Alemanha desde 1966.

O conselheiro das comunidades portuguesas na Alemanha duvida que os políticos atuais consigam alterar a situação no país, apesar das promessas.

“Se os ouvirmos falar nos meios de comunicação social, eles dizem que sim, que conseguem mudar as coisas. Porém, uma grande parte dos alemães não está segura disso (…) Também estou pessimista a esse respeito”, destacou.

De acordo com uma sondagem realizada em abril pelo instituto de investigação Forsa para a revista Stern, apenas 21% dos inquiridos consideram Merz digno de confiança, menos nove pontos percentuais do que em agosto e menos três pontos do que em janeiro.

O mesmo estudo revela que apenas 40% dos entrevistados consideram o novo chanceler um líder forte e 27% pensam que Merz “sabe o que move as pessoas”, o que representa uma descida de nove pontos desde janeiro.

Mário Botas recorda que, além das preocupações sobre o futuro das associações e centros, há outros motivos que sobressaltam a comunidade portuguesa.

“O grave problema dos novos migrantes é chegarem aqui convencidos de que pouco precisam de se preparar para a vida neste país, por serem cidadãos portugueses. É uma nova onda de gente vinda dos centros urbanos de Portugal, da classe média-baixa, que apenas consegue arranjar trabalho na construção civil, gastronomia e serviços de limpeza”, alertou.

“Na maior parte dos casos, apenas conseguem encontrar trabalho em pequenas e duvidosas empresas que muitas vezes os exploram e não cumprem as suas obrigações para com a lei e os direitos dos seus empregados, preferindo dar trabalho a estrangeiros que podem mais facilmente enganar e explorar”, sustentou.

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