“Pobreza é um problema que a democracia não conseguiu resolver”: o apelo de Marcelo na mensagem de Ano Novo
Na sua tradicional mensagem de Ano Novo, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, abordou um tema que continua a ser um dos grandes desafios para a sociedade contemporânea: a pobreza. Num discurso que teve eco em vários lares e instituições do país, Marcelo fez um apelo à reflexão coletiva sobre a persistência de um problema que, apesar dos avanços democráticos nas últimas décadas, ainda assombra a vida de muitos portugueses.
O presidente destacou que a pobreza, nas suas diversas formas, não é apenas uma questão económica, mas um problema profundamente enraizado nas desigualdades sociais e nas acessibilidades que marcam a vida das comunidades mais vulneráveis. Apesar de Portugal ter registado progressos em várias áreas desde a transição democrática, as disparidades de rendimento e as dificuldades de acesso a serviços essenciais continuam a ser uma realidade que afetam milhares de cidadãos, principalmente em contextos de crise.
Marcelo sublinhou que, enquanto a democracia é frequentemente celebrada como um triunfo da liberdade e dos direitos humanos, ela não consegue, por si só, eliminar as desigualdades que perpetuam a pobreza. Com um tom de urgência, fez um apelo a todos os atores sociais, desde o governo até às organizações da sociedade civil, para que tomem uma posição ativa na luta contra a pobreza. “A solidariedade e a empatia devem ser mais do que palavras; precisam ser ações concretas”, afirmou.
Neste cenário, apresentou um apelo à intervenção social, destacando a importância de políticas que vão além do apoio imediato, focando em soluções estruturais que promovam a inclusão e a dignidade dos mais desfavorecidos. Isso inclui não só medidas de proteção social, mas também investimentos em educação, saúde e habitação, áreas essenciais para a erradicação da pobreza.
Durante a sua mensagem, Marcelo também reconheceu o impacto devastador da pandemia de COVID-19, que ampliou as desigualdades existentes e colocou famílias em situações de vulnerabilidade económica ainda mais graves. Este contexto exigiu respostas rápidas e eficazes, mas o presidente enfatizou que a recuperação deve ser abrangente, assegurando que ninguém fique para trás.
O apelo de Marcelo na sua mensagem de Ano Novo não é apenas um reconhecimento da realidade; é um convite à responsabilidade coletiva. A pobreza, como sublinhou, é um desafio que não pode ser ignorado e que requer uma abordagem conjunta, onde todos, cidadãos, empresas e instituições, têm um papel a desempenhar.
O novo ano surge, assim, como uma oportunidade para que se requalifique a luta contra a pobreza, transformando-a num dos pilares das prioridades políticas e sociais. A mensagem de Marcelo é clara: a democracia tem o poder de trazer mudanças significativas, mas essas mudanças devem ser alimentadas por um compromisso constante com a justiça social e a dignidade humana.
À medida que entramos em 2024, a reflexão proposta pelo presidente deve ecoar em cada canto do país. É um chamado para que a sociedade se una em torno da causa da erradicação da pobreza, refutando a ideia de que a democracia, por si só, é um suficiente baluarte contra a exclusão social. Com determinação e uma visão comum, é possível construir um futuro em que a pobreza deixe de ser uma realidade para muitos e se transforme numa história de superação e inclusão.