Parceiros

(Tempo de leitura: 2 - 4 minutos)


Taipé, 12 set 2024 (Lusa) – O ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, Lin Chia-Lung, afirma que o território está a “preparar-se para qualquer possível quarentena, bloqueio ou até invasão” pela China, que serviria sobretudo para Pequim expandir a sua influência.

Num encontro com jornalistas internacionais em Taipé, em que a Lusa participou, o chefe da diplomacia afirmou que “a ambição chinesa de anexar Taiwan é muito clara e óbvia”, mas é “dúbio” se será capaz de o fazer pela força.

Caso a hipótese se concretizasse, a ilha iria defender-se e ganhar tempo para que o apoio dos aliados chegasse, acrescentou o responsável.

“Se a China invadisse realmente Taiwan, não se trataria apenas da assim chamada reunificação da nação chinesa, mas seria mais sobre quebrar a primeira cadeia de ilhas (conjunto de arquipélagos do Pacífico), porque a China quer expandir a sua influência para o Pacífico Ocidental e até para o mundo”.

Nestas declarações, Chia-Lung notou ainda como a imposição de uma eventual quarentena de Pequim a Taiwan “demoraria muito tempo a alcançar os seus objetivos e iria suscitar preocupações da comunidade global”, além de referir que qualquer disrupção nesta área geográfica iria afetar a circulação marítima mundial.

Taiwan está a “preparar-se para qualquer possível quarentena, bloqueio ou até invasão da China”. “Estamos a tentar melhorar a nossa prontidão e preparação”, resumiu o ministro, reiterando que essa ação traduziria uma “violação do ‘status quo’”, assim como uma “ameaça para os países vizinhos”.

China e Taiwan estão separadas desde 1949, altura em que a China se tornou comunista após uma guerra civil.

A China tem procurado excluir Taiwan dos fóruns internacionais, considerando a ilha democrática como uma das suas províncias e não excluiu a opção militar de reunificar a ilha com o continente.

Outra questão levantada pelo ministro taiwanês foi a da “interpretação incorreta da resolução 2785 da Assembleia Geral das Nações Unidas” que traduz uma “guerra jurídica”, estando em causa o quadro adotado em 1971 para a representação da China naquele organismo internacional.

Oficialmente designada como República da China (ROC), Taiwan perdeu o seu lugar na ONU para a República Popular da China (RPC).

Na semana passada, o Departamento de Organizações Internacionais do MNE de Taiwan recordava que o tema do próximo debate geral da ONU é “não deixar ninguém para trás", mas que “ironicamente os 23,5 milhões de habitantes de Taiwan continuam a ser deixados para trás pelo sistema das Nações Unidas”, uma “grave injustiça” devido à “deturpação maliciosa” resolução por parte da China.

“A China está a tentar estabelecer uma base jurídica para minar a realidade objetiva de que a República da China (Taiwan) é uma nação soberana e despojar Taiwan do seu direito legítimo de participar no sistema da ONU”, acrescenta o texto sobre a ilha, que tem atualmente relações diplomáticas formais com 12 países.

O responsável destacou a recente aprovação pela Câmara dos Representantes dos Estados Unidos da Lei de Dissuasão de Conflitos de Taiwan, que prevê sanções sobre contas bancárias de responsáveis chineses em solo norte-americano.

Quanto à União Europeia, enumerou designadamente diretivas que preveem que “se houver qualquer tentativa de pôr em causa o ‘status quo’ na região, o bloco encarará essa tentativa como uma forma de ameaça”.

Também com a “recente desaceleração da economia” na China, a “principal oposição a uma invasão de Taiwan seria a própria população chinesa”, estimou.

Os investimentos em semicondutores nos Estados Unidos, no Japão e na Alemanha, são para o ministro uma “abordagem importante para construir” uma “cadeia de abastecimento democrática, por oposição à grande cadeia de abastecimento apresentada pelo Governo chinês”.

“Porque é muito provável que a China controle um país através da cadeia de abastecimento. Por exemplo, a Huawei construiu anteriormente a sua rede 5G nos países europeus, especialmente na Alemanha, mas agora percebeu-se do risco”, argumentou o ministro, avançando que se está a construir uma “unidade digital e uma rede democrática”.

Esta será uma rede “benéfica para todos os países, porque essa rede está intimamente relacionada com a nossa segurança”, concluiu o chefe da diplomacia do território que produz mais de 60% dos semicondutores do mundo e mais de 90% dos mais avançados. A maioria é fabricada pela Taiwan Semiconductor Manufacturing Corporation (TSMC), cujo investimento na Alemanha foi anunciado no mês passado.

Temos em linha

Temos 2262 visitantes e 0 membros em linha

NOTÍCIAS RECENTES

Colunistas

Ambiente

Boletim informativo

FOTO DO MÊS

We use cookies
Usamos cookies no nosso site. Alguns deles são essenciais para o funcionamento do site, enquanto outros nos ajudam a melhorar a experiência do utilizador (cookies de rastreamento). Você pode decidir se permite os cookies ou não. Tenha em atenção que, se os rejeitar, poderá não conseguir utilizar todas as funcionalidades do site.