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No passado dia 15 estive participei num evento de membros Iniciativa Liberal, o AdamX. O tópico da minha intervenção foi, obviamente, a representatividade da diáspora portuguesa. Para os mais curiosos está aqui o link, onde podem apreciar a minha notória falta de qualidade para falar em público e também um permanente reflexo do foco de luz sobre a minha careca. 

Estava eu ocupado, entusiasmado e todo pimpão a discursar como se tivesse acabado de descobrir a pólvora, quando levo com um comentário que me deixou mudo. Que se a memória não me atraiçoa, foi: “desde que me lembro, vai para décadas nunca houve ninguém que reclamasse representar a diáspora portuguesa”. Realmente é bem notado, as comunidades de emigrantes portuguesas têm esta característica muito particular: não são capazes de se fazer representar, e também não deixam que alguém o faça por elas. Porquê ? 

Por falta de massa crítica não é certamente. Com um total estimado de 2.5 milhões de pessoas, um número que facilmente dobra se contarmos também com os descendentes, a diáspora portuguesa tem a mesma população de países como a Dinamarca, a Irlanda ou a Noruega. É verdade que estão espalhados pelo globo, mas existem concentrações relevantes um pouco por todo o lado. Olhando apenas para fora da Europa, desde Petershaw, na Austrália, a Newark nos EUA e passando por Caracas na Venezuela, o que não falta são ajuntamentos de portugueses um pouco por todo o lado. 

Também não é por falta de vontade. Onde quer que existam dois ou mais portugueses, a primeira “instituição” a nascer é o café, para jogar uma suecada enquanto se vão empinando minis. Havendo mais um pouco mais de lusitanos, tarde ou cedo nascem também as mercearias e as associações locais. A título de exemplo, em Bruxelas residem cerca de 20 mil portugueses, um número pequeno quando comparado com outras capitais como Londres ou Paris. Mas isso não impediu a proliferação de cafés, mercearias, restaurantes e associações locais. Temos vários órgãos de imprensa e não uma, mas duas festas de Verão. Olhando para esta paisagem é difícil de afirmar que aos portugueses no estrangeiro falta iniciativa ou espírito de comunidade.

Talvez a explicação esteja nas causas da emigração. O grosso das comunidades portuguesas hoje espalhadas pelo mundo teve origem na década de 60 do século passado. Regra geral, fugidos da pobreza nas aldeias ou da guerra em África, muitos portugueses viram no estrangeiro a possibilidade de uma vida melhor. Principalmente na Europa, onde havia uma necessidade enorme de mão-de-obra não qualificada. É caso para dizer que se juntou a fome à vontade de comer.

Mais tarde, no início dos anos 2000 começa uma segunda vaga de emigração. Desta vez já com uma importante componente de gente com formação superior e que escolheu o seu país de destino. A minha história pessoal é ilustrativa destes processos de emigração. Os meus dois avôs, ambos com apenas a 3a classe, emigraram para França nos anos 60, onde durante alguns meses partilharam uma barraca nos bidonvilles de Champigny. Já o neto, com um diploma de engenharia na mão, permitiu-se o luxo de escolher. Estive no Chile e na Suíça, e após alguns anos em Portugal assentei arraiais na Bélgica.

Serve esta divagação para explicar que a diáspora portuguesa não precisou dos políticos em Lisboa para nada. Durante a ditadura, como não podiam votar livremente com as mãos, votaram com os pés pela calada da noite. E já em democracia, com a estagnação económica iniciada em 2000, têm vindo a preferir a cabine de voo à cabine de voto. 

Também não consta que tenha sido o Governo em Lisboa que forneceu o capital para os cafés, mercearias, restaurantes e outros negócios que os portugueses foram abrindo nos países de acolhimento. Descontando alguns fundos investidos no ensino do português ou gastos com algumas associações lusas, a presença do Governo não se faz sentir. Assim é normal que quando são chamados a votar, seja para as legislativas, presidenciais ou mesmo para o Conselho das Comunidades Portuguesas, os emigrantes fazem ouvidos de mercador. 

Se for este o raciocínio da maioria dos emigrantes, tem pelo menos uma falha.  É correcto que os partidos políticos portugueses se têem vindo progressivamente a afastar-se da sociedade civil. Mas também é verdade que foi graças aos esforços dos governos pós 25 de Abril que a minha geração pode hoje considerar a Europa como casa. A entrada na UE pagou em boa parte os estudos da minha geração, e o livre trânsito de pessoas permite-nos concorrer em pé de igualdade aos empregos bem pagos no Norte da Europa. A política é certamente uma maçada, mas é o que sustenta o nosso modo de vida. Nós cá fora não temos que ir a correr e aderir a partidos políticos, mas convinha ir prestando atenção às fissuras nas paredes da casa. Se a história nos tem algo para ensinar, será que nada é garantido. Sem o nosso esforço, os edifícios construídos pelo trabalho dos que nos precederam vai-nos desabar em cima.

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Nelson Gonçalves
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