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Na Bélgica, a compra espontânea de livros (tal como em qualquer país não-lusófono ou não-falante de língua inglesa, suponho) é uma experiência bem diferente do típico vaguear dentro de livrarias portuguesas. A escolha para quem não é fluente na(s) língua(s) locais torna-se incrivelmente mais reduzida: o caminhar pelas secções de maior interesse à procura de qualquer jóia ou novidade excitante desaparece para dar lugar a uma procura por qualquer coisa que esteja em inglês.

 Foi nesse contexto que, numa livraria de segunda mão em Leuven, esbarrei num livro de Alexander McCall Smith. Um thriller criminal que tem como cenário a Zebra Drive e Tlokweng Road, duas ruas no coração do Botswana. Passa meio capítulo e a imagem mental já me agarrou, já erguiu no meu imaginário a paisagem de terra alaranjada e embondeiros no horizonte. Nunca me foi díficil entender a atração pela África Austral: a minha família paterna veio de Moçambique e o meu avô materno combateu em Angola - história nada estranha para inúmeros portugueses.

 De fechar o livro a pesquisar o estado actual do Botswana foi um salto e o mundo da liberdade económica em África (que me tinha piscado o olho através da presença mediática da senegalesa Magatte Wade) abriu-se perante mim. O período pós-colonial normalmente é sinónimo de desastrosas experiências socialistas, colapso de infraestruturas, interferência externa e outros desastres económicos e sociais. No entanto, exemplos que contrariam esta tendência existem.

 Botswana, Rwanda, Maurícias e Gana são países que decidiram mudar o rumo das suas políticas económicas e que aumentaram significativamente a capacidade de entidades negociarem e estabelecerem actividades económicas sem interferência estatal, a liberdade e reconhecimento da propriedade privada e a capacidade de livremente celebrar contractos reconhecidos e protegidos pela lei.

 Esta abordagem ideológica não é nem pode ser considerada um santo milagreiro, nem tão pouco é factor único no sucesso de um país nos mais variados indíces de desenvolvimento. É, no entanto, factor-chave para o crescimento económico e aumento de competitividade nos mercados globais. Estes dois parâmetros não garantem melhorias na qualidade de vida dos cidadãos mas constroem a base sobre a qual o desenvolvimento social se ergue.

 Bem diferente do que é retratado nas caricaturas habitualmente feitas às posições liberais, o papel dos governos é fulcral para garantir liberdade económica: é necessária acção reguladora e fiscalizadora, impedimento de formação de cartéis manipuladores de preços, estabilização da estrutura legal e implementação de políticas sociais que sejam capazes de transformar as receitas fiscais resultantes do crescimento económico acelerado por esta mesma liberdade em autênticos elevadores das massas que elevam os escalões mais pobres da sociedade a patamares de desenvolvimento humano cada vez mais altos.

 Os quatro países mencionados situam-se nos lugares cimeiros da importante escala do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em África: as Maurícias ocupam o primeiro lugar e, excluindo o Norte de África, em quinto chega o Botswana, em sétimo o Ghana e o Rwanda chega em vigésimo quarto - recuperando de uma das maiores catástofres humanitárias dos tempos modernos.

 Infelizmente, a lusofonia africana não herdou de Portugal uma grande valorização pelas liberdades - muito menos a económica. Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe figuram entre os países menos livres economicamente e ao mesmo tempo entre os escalões de menor desenvolvimento humano. Torna-se cada vez mais difícil acreditar que estas duas métricas não estão relacionadas.

 Se a liberdade económica é tomada por garantida no Velho Continente, na África subsariana é oásis num deserto onde sonhos de economia planeada e regimes sanguinários são como grãos de areia. Se no Ocidente existem tendências de fantasias autoritárias ou socialistas, em África a experiência de décadas desastrosas traz a prova sobre a qual os delírios de intelectuais europeus não querem pôr os olhos. É mais um dos eurocentrismos que a mesma trupe de pensadores finge que combate.

 É portanto em jeito de resolução de Ano Novo que termino este texto: que na Europa olhemos mais para fora, que analisemos experiências de outros continentes e abramos os nossos horizontes. Que tenhamos uma África mais livre e próspera economicamente e que esse seja o caminho que toda a Lusofonia - incluindo Portugal - abrace.

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Rui Amendoeira Esteves
Author: Rui Amendoeira EstevesEmail: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
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