A ausência de jovens nos órgãos de decisão locais traduz-se numa perpetuação de práticas desatualizadas, pouco ajustadas às realidades actuais. Os jovens, ao contrário, possuem uma perspetiva contemporânea, orientada para o uso da tecnologia e para a sustentabilidade. São a chave para modernizar processos, actualizar prioridades e revitalizar a ligação entre as instituições e as comunidades. A sua participação pode não só redefinir as estratégias autárquicas, mas também fomentar uma maior envolvência da população nas decisões locais.
Contudo, é crucial reconhecer que a simples presença de jovens no poder local não é suficiente. Para exercerem um impacto significativo, é necessário que possuam competências avançadas, que vão muito além do domínio básico de leitura e escrita. Hoje, a governação exige conhecimentos profundos em áreas como a gestão de recursos, as finanças públicas, a sustentabilidade ambiental e o planeamento estratégico. Além disso, a capacidade de compreender e utilizar ferramentas tecnológicas é indispensável, dada a crescente digitalização dos serviços públicos.
A tecnologia, em particular, constitui um dos pilares fundamentais para a modernização do poder local. Através de soluções digitais, como plataformas online para serviços municipais e a utilização de dados para decisões informadas, os jovens podem contribuir para a criação de municípios mais eficientes, sustentáveis e adaptados às necessidades da população. Estes avanços tecnológicos não são apenas ferramentas, mas oportunidades para transformar o poder local em instituições mais ágeis, transparentes e próximas dos cidadãos.
A integração dos jovens no poder local requer também a criação de condições estruturais que incentivem a sua participação. Iniciativas como Conselhos Municipais de Juventude, programas de estágios em autarquias e projectos de educação cívica podem ser decisivas para despertar o interesse pelas questões locais e criar um sentido de responsabilidade e pertença. Além disso, é fundamental promover candidaturas jovens às assembleias e câmaras municipais, garantindo a sua formação e acompanhamento ao longo do processo.
O futuro do poder local depende, em grande medida, da capacidade de atrair e integrar os jovens nos processos de decisão. Com a sua visão inovadora, os jovens podem ajudar a transformar as autarquias em instituições resilientes, preparadas para enfrentar os desafios do presente e do futuro. Podem contribuir para a criação de comunidades mais atrativas, equilibrando tradição e modernidade, e assegurando que o desenvolvimento local não seja apenas uma ambição, mas uma realidade. Neste contexto, a participação jovem no poder local não é apenas uma oportunidade; é uma necessidade para garantir um Portugal mais sustentável, inclusivo e preparado para os desafios globais.