Insuspeito assassino



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Era uma vez um homem de 30 anos que conduzia por uma estrada longa e sinuosa no meio do nada. Apenas estava rodeado de árvores altas e frondosas onde a luz do dia mal conseguia penetrar. Toda aquela paisagem era fria e sombria. Seguia pela estrada fora com o rádio ligado para se distrair, mas na verdade estava entregue aos seus próprios pensamentos. Se o carro dele avariasse ali, não tinha como pedir socorro, pois não havia sinal de rede para fazer uma chamada e não havia trânsito. Já estava a conduzir naquela estrada há mais de duas horas e não havia vivalma. O dia estava a chegar ao fim e começava a escurecer, tornando-se ainda mais sinistro. 

Porém a sua atenção foi despertada por um camião parado à beira da estrada em sentido contrário com as luzes ligadas. Enquanto se aproximava não via ninguém à sua volta. Deve ter levado cerca de dois minutos para chegar próximo do camião aparentemente abandonado, desde o primeiro momento que viu as luzes brancas da frente, lá ao longe.

Tudo aquilo lhe parecia muito estranho.

Quando finalmente chegou ao local onde o camião estava imobilizado, parou o seu carro e ao olhar pela janela, notou um cano de espingarda que saía pela janela do condutor. Mas não havia sinal de vida humana. Abriu a porta do seu carro e saiu cautelosamente.

  • Olá. 

Ninguém respondeu. Porém viu uma cauda a abanar dentro da cabine do camião, através do vidro parabrisas.

Um cão dentro da cabine e o cano de uma espingarda a sair pela janela do condutor é muito estranho. Deu a volta ao camião e não encontrou ninguém. Depois de ter investigado por fora o camião decidiu bater à porta do lado do passageiro, mas ninguém respondeu.

Continuou a achar tudo muito estranho e cautelosamente decidiu continuar a investigação e abriu a porta do passageiro. 

Ele não queria acreditar no que estava a ver. Esfregou os olhos para entender o que estava à frente dos seus olhos.

O camião estava parado, com as chaves na ignição e o painel de instrumentos ligado. No lugar do condutor estava um homem sem sinais de vida com a cabeça tombada e a espingarda, assente no seu colo, apontava para o exterior.

Lá dentro estava igualmente um cão de médio porte que abanava a cauda e se fartava de lamber aquele homem inanimado.

Ele procurou chegar até ao homem sem perceber se o cão o iria atacar. Após tocar no homem percebeu que deveria estar sem vida pois o seu corpo estava gelado e o coração havia parado. Ali já não havia nada a fazer. Saiu da cabine do camião e deixou lá o corpo guardado pelo cão.

Enquanto se dirigia para o seu carro para ir buscar ajuda ouviu uns barulhos estranhos nas suas costas vindos da direcção do camião. Logo em seguida ouviu o tiro de uma arma e procurou abaixar-se, mas já era tarde. Ao segundo tiro, a bala atingiu o homem no peito, fazendo-o voar para a frente. Apalpou o peito e retirou a mão cheia de sangue. Mas estava consciente, boca seca e coração a bater. Tratou de fugir dali o mais depressa possível. Entrou no carro e arrancou a toda a pressa sem conseguir pensar em mais nada. Estava em causa a sua sobrevivência. A partir dali era a sua vida que estava em causa. Era ele que precisava de ajuda mas teria que percorrer a estrada durante mais meia hora.

Será que chegaria vivo aos serviços de emergência?

Felizmente, uma equipa de serviços de emergência vinha no sentido contrário quando se cruzaram um pouco mais à frente. A equipa, sem o saber, conseguiu chegar a tempo de salvar a vida daquele homem.

O homem teve sorte de sobreviver, mas a experiência deixou-o com um novo apreço pela vida. 

Ele jurou nunca mais encarar a vida como garantida e estar sempre ciente dos seus riscos.

Mais tarde, a equipa de emergência percebeu que o cão havia disparado acidentalmente a espingarda e havia morto o condutor. O cão foi levado para um canil para ser avaliado.

Uma estranha história para perceber que a vida nem sempre acontece como esperado.

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Joao Pires
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