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Novamente, o mesmo pesadelo. Mais uma noite sem sossego, mesmo assim, tentei acalmar-me, aguardando a manhã seguinte, que já caminhava do outro lado do planeta na minha direção.
Que repercussões devem existir ao escutarmos o aviso do planeta Terra acerca da Nossa fatal degeneração? As palavras que a Terra proferiu, como um trovão galáctico, devem dominar a Nossa atenção.
Este foi o apelo pronunciado pelo Planeta:
“Vou contar-vos uma história sobre a origem de tudo. Há biliões de anos atrás, o Universo nasceu com a mais vigorosa explosão de todos os tempos. Escureceu, até surgirem as galáxias e as estrelas, enchendo o cosmos de luz. Os planetas só mais tarde acordaram. Foi entre o frio do espaço e turbulentas forças gravitacionais, aflitas pela claridade interestelar, que há cerca de 4,5 biliões de anos apareci na galáxia Via Láctea. Depois, surgiu uma molécula, que com o decorrer do tempo foi-se duplicando, produzindo cópias e mais cópias inteiramente por acaso, até se desenvolverem organizadas locomotivas moleculares. Vagarosamente, a Vida, acolhida no meu colo, nascera e preparava-se para ondular livremente, evoluir para uma biodiversidade fascinante.
Primeiro apareceram os dinossauros. Seguidamente, emergiram pequenas criaturas de sangue quente que, progressivamente, aprenderam a construir utensílios e a utilizar o fogo. Foi na África Oriental, há alguns milhares de anos, que deram os primeiros passos. Os seus cérebros desenvolveram inteligência em harmonia com a Natureza. Uma melodia que os transportou através dos oceanos do espaço e do tempo. Seres do Cosmos. Com diversas ideias e paixões. Diferentes histórias. Diferentes memórias.
Durante muito tempo partilhamos um meigo caminho, até que uma nova bandeira foi hasteada. A adoção de uma visão perigosa pelas pequenas criaturas de sangue quente rasgou o desejo de aprenderem com os seus erros. Gradualmente, envenenaram a água, a terra e o ar, alterando o equilíbrio natural.
Sei que as fronteiras nacionais não se destacam quando observadas da vastidão das estrelas, estas apenas determinam regiões de ilusória abundância infinita, espaços de guerra, fome, doença, seca e intempéries. Zonas de fanatismos étnicos, religiosos e nacionalistas. Mais de duzentos Estados nacionais e a única batalha que merece ser travada é a redescoberta do caminho do respeito e harmonia pela Vida nesta esfera azul.
Sinto muito, mas, mais não consigo dizer! É tempo de decisões, de esbaterem diferenças, de cada um encontrar as necessárias forças de inteligência e de carácter para agir.”.
Após ouvir o planeta Terra, não me atrevi a dizer uma única palavra. Silêncio total e absoluto. Cada impulso na minha vontade de falar esbarrava com a resistência de um obstáculo. O Seu apelo era um perpétuo aviso às pequenas criaturas de sangue quente que se têm revelado incapazes de atuar. Miserável fraqueza! A ilusão parece estar prestes a acabar. E sem dignidade humana como poderá existir civilização?
Novamente, o mesmo pesadelo. Mais um dia sem sossego, mesmo assim, tentei acalmar-me, aguardando a noite seguinte, que já caminhava do outro lado do planeta na minha direção.
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