A Sombra e as Árvores



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Nem uma só das sombras de que usufruo, fornecidas pelas árvores à beira das quais me sento nestes dias de calor intenso e calmaria, me é dada por alguma que tenha sido plantada por mim.

As que em tempos plantei e me beneficiaram com a sua frescura, já todas morreram, por doença, acidente, ou por conveniência alheia, ou pertencem já a outros, por via de heranças ou outras coisas quaisquer.

Hoje em dia continuo a plantar árvores, umas aqui, outras ali, quase todas fruteiras e na quase certeza de vir a ter tempo de colher os seus apetitosos frutos, no bocado de terreno que possuo, mesmo sabendo que nunca beneficiarei das suas sombras, hoje ainda insignificantes. 

Já não vai haver tempo que chegue, mas a esperança é a última a ir-se para outras paragens.

Com sorte, os meus filhos, os meus netos e os filhos e netos deles terão essa benesse, como eu a tenho, neste banco de pedra banhado pela sombra, onde me sento.

Este castanheiro, por certo plantado pelo meu avô, ou quem sabe pelo meu pai, é a maior das árvores que aqui tenho, a que mais frescura nos dá e que me faz, amiúde, rodeado pela calma e pelo silêncio deste lugar abençoado, pensar na vida, nos dias, no que fiz ou deixei de fazer e no que ainda tenho para realizar, e que é tanto.  

José Fernando Magalhães

- Por decisão do autor, este artigo encontra-se escrito em Português, e não ao abrigo do «novo acordo ortográfico».

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