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O ruído





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            Na semana em que se discutiram os feitos académicos do secretário-geral do PSD, fui a um local que decerto não consta dos currículos do Dr. Feliciano e dos bimbos. O café BOOM é um repositório das preocupações expressas pelas vozes críticas do estado da Terra. Sem lamechice, revistas, plaquetas, folhas avulsas, cartazes, autocolantes e t‑shirts pedem paz e amor, condenam o extrativismo e o racismo, insistem na igualdade de oportunidades, publicitam a luta dos camponeses, interrogam o nuclear, exigem a reestruturação da dívida e a legalização dos imigrantes em situação irregular, incitam à revolução e a visitar a Palestina antes que ela desapareça. Quadros de ardósia oferecem produtos biológicos da época e café comprado por preço justo às comunidades zapatistas de Chiapas, no México. Na cave, pendurado em parede do corredor de acesso ao quarto de banho, um desenho mostra designações da menstruação em várias partes do mundo. O chá verde que pedi foi servido em xícara de porcelana com senhorinhas e motivos orientais que, provavelmente, pertenceu aos bisavós de algum trabalhador do café. Os sons que saíam da aparelhagem levaram‑me a concluir que nem sempre música e revolução devem estar associadas.

            Deixei o café e fui à barbearia vizinha. Enquanto me compunham barba e cabelo, uma dose brutal de decibéis transformava um belo amplificador Marshall numa máquina satânica. Ainda no centro da cidade, deparei com adeptos do Standard de Liège que, para rebentar cargas explosivas e criar cortinas de fumo branco e vermelho, não esperaram pelo jogo da noite. Mais tarde, durante o jantar num agradável enclave da Sardenha em Bruxelas, o restaurante Antas, ouvi um homem de cuja boca não saía senão parra.

            Talvez a perturbação sonora fosse a minha sorte para aquele sábado. Uma desdita que se repete. Claudio Magris escreveu:  «Morrer faz parte dos óbvios riscos do ofício de viver.»[1] Cada vez mais, o ruído também faz parte de tal ofício.

  [1] MAGRIS, Claudio, Instantâneos, tradução de Sara Ludovico, 1.ª edição, Lisboa, Quetzal Editores, 2018, p. 15.

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Paulo Pego
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