Luso.eu | Jornal Notícias das Comunidades Portuguesas - No concelho de Faro (Estói e Santa Bárbara de Nexe)
segunda-feira, 11 dezembro 2023

OBSCENIDADES

Dez. 10, 2023 Hits:208 Crónicas

CAIU A PERFORMANCE DOS AL…

Dez. 05, 2023 Hits:214 Opinião

O viciante negócio das a…

Nov. 30, 2023 Hits:507 Opinião

Em Loulé

Nov. 29, 2023 Hits:970 Apontamentos

FERREIRA DO ZÊZERE

Nov. 27, 2023 Hits:506 Crónicas

Portugal: António Costa…

Nov. 22, 2023 Hits:356 Opinião

Em Faro

Nov. 22, 2023 Hits:1401 Apontamentos

TERRA MORNA

Nov. 21, 2023 Hits:728 Crónicas

LENDA DO RIO LIMA

Nov. 20, 2023 Hits:118 Crónicas

Um Conselho de Amigo

Nov. 18, 2023 Hits:966 Opinião

No concelho de Faro (Estói e Santa Bárbara de Nexe)





A sua generosidade permite a publicação diária de notícias, artigos de opinião, crónicas e informação do interesse das comunidades portuguesas.


Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor!


            1. O palácio cor‑de‑rosa no qual está instalado o núcleo central da pousada de Estói é um admirável espécime de arquitetura civil. O jardim e a face do edifício que para ele está voltada merecem todos os encómios. Passear nas divisões de aparato e

demorar no Salão Nobre, que ostenta pintura de Adolfo Greno no teto e nas bandeiras das portas, foi um prazer.

           Os hóspedes que vimos enquanto se procedia ao nosso registo de entrada na pousada eram convencionais e irritadiços, como aqueloutros que se albergavam no Hôtel de la Plage quando aí chegou o Sr. Hulot, no filme As férias do Sr. Hulot, de Jacques Tati. Mas essa primeira impressão, má, desvaneceu‑se logo a seguir, assim que enxergámos outras pessoas que ali se alojavam. Gente descontraída e bem vestida, que também dava mostras de elegância interior.

           Confesso que, durante a permanência de alguns dias no albergue em questão, senti desconforto. Não dei por outros clientes lusitanos e cheguei a ser servido, no bar, por uma jovem de tez oriental que nem sequer falava português. Deploro o acolhimento servil prestado ao forasteiro e lamento que, em tanta coisa boa que o país pode oferecer, os portugueses sejam rari nantes in gurgite vasto. E já acho impalatáveis os estabelecimentos de comes e bebes em que só se ouve pedir hot chocolate, cucumber mojito, avocado toast e crème brûlée.

 

           2. A Jūratė nasceu e cresceu na Lituânia integrada na União Soviética. À semelhança do que sucede com a maioria dos seus compatriotas, que arde em sentimento nacionalista, ela execra a Rússia e considera que a dominação soviética foi um esbulho e uma tentativa de usurpação da identidade do povo lituano.

           Teve uma infância feliz, porque envolta em carinho parental, mas lembra‑se, ou sempre a sua família lho recordou, das privações, materiais e não só, a que a população esteve sujeita sob o jugo soviético. Além da ausência de liberdade e da proibição de cultivar a fé cristã, a Jūratė menciona, recorrentemente, o racionamento, as bichas para adquirir bens essenciais, os supermercados com prateleiras vazias ou apenas com um punhado de produtos de má qualidade. Era difícil comprar sabão (champô, nem vê‑lo), a boa carne e grande parte dos frangos eram encaminhadas para a Rússia, aos Lituanos restava comer patos.

           Os parágrafos precedentes tornam decifrável certa reação da Jūratė em Santa Bárbara de Nexe.

           Levou‑nos a essa aldeia a vontade de conhecer a respetiva igreja. Estava fechada e um senhor aconselhou‑nos a bater à porta da residência paroquial. Solícito, o prior abriu‑nos uma porta do templo, conversou connosco, quis saber a nacionalidade da Jūratė e regressou a casa, não sem antes adiantar que se juntaria a nós daí a dez minutos.

           Assim foi. Reapareceu acompanhado por dois homens, um dos quais educadamente perguntou à Jūratė se ela falava russo. A questão exasperou‑a. Fez carranca, alçou a voz e respondeu: «Detesto a Rússia, não quero falar russo.» Mantendo a calma, o seu interlocutor apresentou‑se, disse que era ucraniano e morava em Portugal havia dezenas de anos. Ali se encontrava, com o cura local, a fim de mostrar o miolo da igreja a um sacerdote ucraniano que visitava Santa Bárbara de Nexe.

           Adito mais um apontamento revelador do nacionalismo dos Bálticos: uma colega minha, Mari Remmelgas de sua graça, está a fazer um curso de instrução militar e, se necessário, deixará a vida confortável que tem em Bruxelas para ir lutar pela sua Estónia, mormente contra a Rússia.

           Quanto à igreja, tem ornatos encantadores: o arco cruzeiro, em ogiva, exibe faixa de decoração predominantemente vegetalista; encima‑o um revestimento azulejar policromo e um painel, também de azulejos, que representa a coroação de Santa Bárbara por dois anjos; a abóbada artesoada e polinervada que cobre o primeiro tramo da capela‑mor produz belo efeito.

Luso.eu - Jornal das comunidades
Paulo Pego
Author: Paulo PegoEmail: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
Para ver mais textos, por favor clique no nome do autor
Lista dos seus últimos textos



Luso.eu | Jornal Notícias das Comunidades
Partilhe o nosso conteúdo!

A SUA PUBLICIDADE AQUI?

A nossa newsletter

Jornal das Comunidades

Não perca as promoções e novidades que reservamos para nossos fiéis assinantes.
O seu endereço de email é apenas utilizado para lhe enviar a nossa newsletter e informações sobre as nossas actividades. Você pode usar o link de cancelamento integrado em cada um de nossos e-mails a qualquer momento.

TEMOS NO SITE

Temos 354  pessoas que estão a ver esta página no momento, e 0 membros em linha

Top News Embaixada

EVENTOS ESTE MÊS

Seg. Ter. Qua. Qui. Sex. Sáb. Dom.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

News Fotografia

 
 
0
Partilhas
0
Partilhas