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Em Alpiarça e na aldeia avieira de Caneiras





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           1. Um alpiarcense disse‑me não haver na sua terra casa de comes e bebes reveladora de especial lida gastronómica. Recomendou‑me, ainda assim, o Danidoce, restaurante e marisqueira. O nome é feio, mas, como se verá, a xira é boa. As fotos na parede da sala retrotraíram o tempo, lembrei‑me dos dias em que, na televisão, via ciclismo e os corredores da equipa local (Águias de Alpiarça). Funcionários gentis e ótimo serviço. Sentado perto da cozinha, ouvia uma empregada dirigir‑se a quem ali trabalhava usando o vocativo «amores». Excesso de familiaridade? Vindo dum país de tratos frios, agradou‑me ouvi‑lo em Portugal.

            A ementa, de média dimensão, põe em evidência o marisco e os pratos de carne e, tirante a lista de petiscos, não tem surpresas. Tal lista inclui iguarias que, para mim, foram revelações: salada de orelha de porco, salada de ovas, salada de pota, tripas grelhadas e carne à matança. Comi um bife de qualidade, grande e bem cortado. Acolitavam‑no presunto, ovo estrelado, batatas fritas e molho de mostarda. Passou com louvor e distinção. O pudim caseiro apresentava textura e sabor certos, lambi o beiço. Insisti em provar vinho daquela zona e dei‑me mal. Veio o tinto Alqueves Novos, não gostei, bebi‑o pela primeira e última vez.

            Já na pequena esplanada defronte do Danidoce, ouvi um pedaço de conversa entre dois canjirões e aprendi uma nova forma de dizer que se circula velozmente numa mota: «Vinha a abrir com aquela merda.»

            Rumei para a Casa dos Patudos, visitá‑la constituía a razão de ser da minha presença em Alpiarça. Concebida com mostras de revivalismo lusitano, pelo arquiteto Raúl Lino, foi pouso familiar e centro de decisão do universo agrícola de José Relvas, político, diplomata, melómano e abastado lavrador. Abriga a coleção de arte que lhe pertenceu. Hoje, musealizada, nela se pode admirar, sobretudo, pintura, escultura, faiança, tapeçaria, azulejaria e mobiliário. Tirei proveito de uma palestra feita por Nuno Prates, o conservador do museu, e do saber de Ana Cristina Bento, que dirigiu a visita do pequeno grupo composto por quem vos escreve e por uma parelha que, de maneira cristalina, confirmou a minha teoria: os bananas e os homens demasiado dóceis casam com cabras e com bruxas.

            No meio da pletora, bem organizada e nada cansativa, prestei especial atenção: a telas de Silva Porto, de José Malhoa e de Columbano (do segundo, saliento Retrato de José Relvas); ao retrato de Domenico Scarlatti atribuído a Domingo Antonio Velasco, o único retrato existente do compositor; à cerâmica das Caldas da Rainha e a porcelanas de Meissen; a O artista na infância, escultura de Soares dos Reis; a um tapete de Arraiolos do século xvɪɪɪ, bordado com seda sobre linho — caso de exceção — e talvez inspirado em modelo persa; à coleção de leques, que incorporam materiais como madrepérola, marfim, fio de ouro e seda; aos silhares de azulejos, de Jorge Pinto, que ornamentam a escadaria e figuram cenas da vida rural; aos azulejos hispano‑árabes da sala de jantar e ao lambril azulejar da cozinha; à biblioteca, conjunto que cobicei e no qual se encontram As abandonadas, expressivo óleo de Constantino Fernandes, e um cinzeiro que representa a bandeira republicana e arrebata pelo nacionalismo, peça de faiança que tem lavra de Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro.

            Abalei dali feliz, com o espírito saciado e a impressão de que o recheio da Casa dos Patudos não vale por uma peça que constitua o nec plus ultra da sua espécie, antes por encher o olho graças à variedade de obras de calibre ali expostas.

            Soube, entretanto, que o pão de ló de Alpiarça tem fama e, consoante me apraz, é cremoso. Fica na minha agenda gastronómica.

 

            2. Ainda no Ribatejo, a aldeia avieira de Caneiras não tem primores arquitetónicos, artísticos ou culturais, é digna de visita por possibilitar alguma aprendizagem etnogeográfica. Medrou por obra de pescadores de Vieira de Leiria que, nos meses de verão, se amanhavam no mar e, no inverno, optavam pelas águas mais tranquilas do Tejo, mormente para pescar sável.

            Não vi gente a pescar em bateiras, só uma família a trabalhar numa courela e mulheres em ocupações ramerranescas. Uma delas contou‑me que ainda havia quem pescasse (lampreia, sável, fataça, carpa), mas sem disso fazer profissão. Comigo ficou a pincelada pitoresca que vem da localização à beira‑rio e das casas de madeira, uma ou outra com boa cor, assentes em palafitas.

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Paulo Pego
Author: Paulo PegoEmail: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
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