Série documental procura luso-americanos para mostrar multiculturalidade nos EUA



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(Lusa) - A realizadora Alexis Barone, que está a desenvolver uma série documental sobre multiculturalidade nos Estados Unidos, procura lusodescendentes para mostrar as especificidades da herança portuguesa no contexto da sociedade norte-americana.

"A fusão da sociedade moderna com as tradições de há séculos é algo que quero explorar", disse à Lusa a realizadora.

"A ideia é levar os americanos que não são emigrantes ou não têm história e cultura além da americana a reconhecerem e aceitarem as dificuldades e a beleza das culturas duais”, acrescentou.

A série vai debruçar-se sobre uma comunidade diferente por episódio, e no caso dos luso-americanos, o plano é acompanhá-los à zona de onde as suas famílias emigraram.

"Seria uma semana em Portugal, sete a 10 dias de produção", disse Barone, acrescentando que a ideia é contratar equipas técnicas locais.

"Seria bom falar com académicos das universidades em Portugal e com oficiais do governo sobre a diáspora lusa, sobre as diferenças sociológicas que as pessoas enfrentam tendo crescido em Portugal e depois emigrado", explicou Barone, "e como os luso-americanos estão a criar mudanças positivas no mundo por causa da sua herança multicultural".

O plano será ainda passar tempo com as suas famílias e falar com empresários sobre as tendências observadas, seguindo um formato de parcerias com empresas locais.

"A publicidade internacional nunca prejudicou ninguém", disse.

Alexis Barone participou na gala do Conselho de Liderança Luso-americano (PALCUS) em 2019 e a organização está a ajudar na promoção da pesquisa inicial conduzida pela realizadora, que inclui um questionário sobre identidade e herança étnica.

"Gostei muito da gala da PALCUS e de como as pessoas são calorosas e a história é rica", afirmou Barone, notando a falta de conhecimento que existe na sociedade norte-americana sobre os portugueses e outras regiões do mundo.

Uma das questões que Alexis Barone quer explorar é se os sujeitos em foco na série se consideram americanos ou americanos com hífen, isto é, só americanos ou luso-americanos, no caso da comunidade portuguesa.

"Queremos encontrar pessoas com histórias interessantes", disse a realizadora, que concebeu a ideia da série quando percebeu as noções pré-concebidas com que o seu parceiro bielorrusso era constantemente recebido.

"O objetivo desta série documental é explorar as heranças dos americanos multiculturais e destruir os preconceitos subconscientes que os americanos com uma só cultura têm", descreveu.

A realizadora, que tem ascendência filipina, italiana, alemã e irlandesa, sublinhou que ainda existe um estigma quando as pessoas falam com sotaque ou não parecem brancas.

"Por vezes, ter duas heranças é uma batalha identitária que só piora com os preconceitos invisíveis" das outras pessoas, disse.

Barone mencionou também a influência da sua própria jornada de descoberta e que é uma tendência forte na geração Millennial, ao contrário das gerações anteriores.

"Parte do motivo pelo qual isto é tão importante para mim é que a minha avó é das Filipinas mas eu não sei falar tagalogue", disse, referindo que era comum os emigrantes não passarem as línguas maternas aos descendentes para acelerarem a assimilação.

A realizadora, que tem a produtora Mountain Mist Media, está a desenvolver um ‘sizzle’ (vídeo promocional) para levar a canais e cadeias de ‘streaming’, embora admita que a pandemia de covid-19 torna um calendário de produção e filmagens difícil de planear.

Ainda assim, Barone referiu que "muitos streamers e empresas de produção continuam a comprar, mesmo nesta situação, e a quererem pôr as mãos em conteúdos".

A sua intenção é começar as filmagens no verão de 2021.




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