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Chegámos ao fim de 2020. Neste ano muito se disse sobre a pandemia COVID-19 e pouco falámos da presença mais forte da Sétima Arte nas nossas vidas. Foi um ano complicado, com muito desinfetante, máscaras e distanciamento social, comunitário, familiar, etc. No entanto, através das nossas casas e mesmo em algumas salas comerciais devidamente preparadas, fomos resilientes e continuámos a sentir-nos tão ou mais próximos dos diferentes indivíduos do nosso mundo. Em 2020, não desistimos e continuámos a explorar aquilo que a arte das imagens em movimento teve para oferecer.
Ao fim e ao cabo 2020 foi um ano de bom cinema. Muitos dos filmes vistos em casa foram lançados pela Netflix, pela Amazon Prime e até pela emergente Apple TV+, ou seja plataformas de streaming que têm ocupado um espaço importante na indústria. De qualquer forma, a principal obra de um ano tão difícil teve distribuição em Portugal da Midas Filmes e chama-se “Retrato da Rapariga em Chamas”, de Céline Sciamma. É a obra mais importante dos últimos tempos sobre o olhar feminino, sobre o colocar em prática o conceito de “gaze” que nos fala a crítica de cinema britânica Laura Mulvey (embora com algumas metamorfoses).
Em segundo lugar deste top, vale a pena destacar “La Trinchera Infinita”, filme espanhol do trio de realizadores Aitor Arregi, Jon Garaño e Jose Mari Goenaga que nos fala de um homem, que por oposição ao regime franquista teve de se esconder entre as paredes da sua casa. Ironicamente é um filme tão contemporânea sobre momentos da história em que o medo se apodera de nós e deixa-nos encerrados nos nossos microespaços do lar. “O Ninho”, de Sean Durkin fecha o pódio e transporta-nos para as mudanças ultrapassadas por um casal em pleno território britânico. Filmes que deverão ficar nas nossas memórias e que nos falam das nossas fragilidades.
As escolhas que partilho a seguir tiveram em conta os filmes estreados em salas de cinema portuguesas e plataformas de streaming entre 1 de janeiro de 2020 e 31 de dezembro de 2020.
- “Retrato da Rapariga em Chamas”, de Céline Sciamma (França)
- “La Trinchera Infinita”, Aitor Arregi, Jon Garaño e Jose Mari Goenaga (Espanha)
- “O Ninho”, de Sean Durkin (EUA)
- “Mulherzinhas”, de Greta Gerwig (EUA)
- “Wolfwalkers”, de Tomm Moore e Ross Stewart (Irlanda)
- “A Despedida”, de Lulu Wang (EUA)
- “Dick Johnson is Dead”, de Kirsten Johnson (EUA)
- “Corpus Christi - A Redenção”, de Jan Komasa (Polónia)
- “O Caso de Richard Jewell”, de Clint Eastwood (EUA)
- “O Fim do Mundo”, de Basil da Cunha (Portugal / Suíça)
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