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Liliana Silva, voltou à liderança da concelhia de Caminha do Partido Social Democrata. Recentemente, a vereadora da oposição na Câmara Municipal de Caminha foi eleita num sufrágio de lista única.
Uma activista activa, defensora contra a exploração de lítio na Serra d’ Arga, defensora dos pescadores de Vila Praia de Âncora e de uma ligação rodoviária entre Caminha e La Guardia, Liliana Silva ergue bem alto a sua bandeira em defesa do concelho de Caminha e do desenvolvimento da sua terra e das suas gentes.
É uma mulher de ideias e gosta de fazer política saudável onde se discute ideias e projectos e não pessoas.
Recentemente, também assumiu o cargo de coordenadora distrital do Centro Estratégico Nacional para os Assuntos do Mar. Neste grupo de trabalho o objectivo é “estudar, identificar problemas e constrangimentos e dar soluções para colmatar os problemas com os quais os pescadores e outros agentes de assuntos ligados ao mar se debatem diariamente.
Em entrevista, Liliana Silva ergueu bem alto a bandeira do concelho de Caminha.
Luso.eu - Liliana Silva, como pergunta inicial … Porque esta candidatura e o querer voltar novamente à liderança da concelhia do PSD?
Liliana Silva- Esta candidatura surge de forma natural.
A concelhia cessante fez um bom trabalho, deu continuidade ao trabalho de seriedade e elevação com que nos temos pautado ao longo dos tempos e nós cá estamos para continuar a trabalhar.
No PSD em Caminha não há cargos eternos nem lideranças. Há pessoas que se predispõem a trabalhar num determinado momento.
Somos gente da terra e sempre trabalhamos para o concelho e
é assim que vamos continuar. A liderança do PSD Caminha é só mais um momento de continuidade desse trabalho, com total humildade e sentido de responsabilidade.
- LE- Existiu unanimidade dentro da concelhia à sua candidatura?
LS- Não tivemos nenhum voto contra nem em branco, portanto acho que a resposta está aí. Nesta concelhia há união, amizade e muita vontade de trabalharmos para Caminha. Eu fui só a cabeça de lista de um grupo de trabalho com gente muito válida, muito forte, muito competente e com potencial de acção em áreas diversas.
A concelhia de Caminha não é só a Liliana. A concelhia de Caminha são dezenas e dezenas de pessoas que se revêm no nosso propósito de trabalhar humildemente por Caminha.
- LE- Somente existiu a sua candidatura, isto quer dizer que existem dificuldades de nomes ou rostos para assumir a concelhia?
LS- Não me parece que existam dificuldades de rostos, quando nos apresentamos mais de vinte pessoas a umas eleições, uns enquanto lista concreta, outros enquanto equipa de trabalho.
E todos nós temos algo em comum e que foi isso que me motivou nesta aventura e que é o facto de qualquer um de nós colocar o concelho de Caminha à frente de tudo.
Podem mexer com o mundo inteiro, mas quem se meter com o concelho de Caminha para o prejudicar, ou em propósito de desprezo ou de usar o concelho de Caminha como rampa de lançamento para ambições pessoais, terá da nossa parte uma força de bloqueio imediata.
Eu dou, nós damos o nosso corpo às balas pelo melhor para Caminha.
- LE- Este é um cargo que já assumiu e pergunto qual será a sua nova bandeira nos destinos da concelhia do PSD e para Caminha?
LS- Eu não tenho escondido bandeiras. Antes pelo contrário tenho-as assumido e defendido bem alto.
Há todo um trabalho que estamos a fazer de ouvir as pessoas e integrar as suas ideias e projectos no nosso plano de acção. O concelho de Caminha pertence aos caminhenses e está neles o capital humano necessário para sabermos concretamente onde atuar e como melhorar nas diferentes freguesias.
Não obstante existirem bandeiras que já as defendi e vou continuar a defender e que quero acreditar que um dia serão realidade. Eu acredito. Eu tenho vontade de lutar por isso. Aliás, é sempre o que tenho feito na minha vida política, agarrar causas, dar-lhes voz e soluções.
Lutar contra a exploração de Lítio na Serra D’Arga. É um não redondo a esta exploração. Na nossa Serra não mexem, não nos vendemos assim. Tenho ideias e projectos para dinamizar a Serra D’Arga de uma outra forma, criando riqueza aos que lá vivem e assim ao concelho de Caminha. Atempadamente irei torná-las públicas.
A criação de uma área industrial junto ao nó da A28. Adquirir os terrenos, infraestruturá-los e criar condições de captação de empresas para esse espaço de forma a criar emprego efetivo e não sujeito à sazonalidade. Para além disso, dar dignidade à zona empresarial que temos em Âncora, com criação de estruturas de apoio e serviços informativos.
A Revisão do PDM urge. Foram cometidas muitas injustiças e estratégias com as quais não concordamos. Temos que o rever e alterar.
A ligação internacional entre Caminha e La Guardia. Eu acredito. Já há muito trabalho feito nessa matéria. Temos que recuperar o tempo perdido. Temos que articular com o Governo de Portugal e Espanha, uma vez que o investimento é do próprio Estado. Esse seria um salto exponencial para fazer crescer o concelho de Caminha.
A questão da empresa da água e o valor avultado que está a ser pago pelos munícipes também tem que ser revisto. Eu não concordei e não concordo com esta gestão da água que está a ser feita . A água tem que voltar a ser um bem essencial gerido pelo município. Tudo faremos para que isso seja uma realidade. A Água é das pessoas, tem que ser gerida por perto e por quem está junto das populações, para não termos aberrações em facturas como as que temos visto, nem termos de pagar facturas elevadas por via de ter que pagar rendas, salários e logísticas de uma empresa que pretenderam criar.
E há muito mais, que sectorialmente iremos dar a conhecer às pessoas.
Ideias não nos faltam assim como projectos concretizáveis numa estratégia de futuro e que não vive de obras eleitoralistas empurradas propositadamente para finais de mandato e para perto de eleições autárquicas, sem ouvir as pessoas nem colocar a discussão pública assuntos que dizem respeito a todos os caminhenses.
Temos um plano sério, responsável, concretizável, e estratégico para criar o futuro de Caminha. Esta é a nossa maior bandeira
- LE- Qual a maior urgência para o concelho, isto é, o que não foi feito pelo executivo socialista e urge realizar?
LS- Em Caminha falta estratégia e rigor.
Passaram-se 8 anos, e nada se fez a não ser obras cirúrgicas e muito show off.
As obras que são estruturais para Caminha foram feitas sem diálogo, sem ouvirem as pessoas, sem colocarem a discussão publica.
Falta limpeza, falta tratar o concelho de Caminha como tratamos a nossa casa, com boa gestão, boa estratégia, com trabalho de equipa, com bom ambiente e com muita proximidade com as pessoas que são a vida e a alma deste concelho e que são os cidadãos do concelho de Caminha.
Um cidadão que demora 5 anos a ver um problema tratado deveria envergonhar-nos a todos. Os eleitos estão lá para servirem as suas populações e têm que trabalhar para a causa pública.
Outra coisa que faltou no concelho de Caminha nestes 8 anos foi que se andou a discutir pessoas, a atacar o passado e não permitiam que se discutissem ideias.
Só quando se discutem ideias e projectos,com o contributo de todos é que um concelho avança.
Enquanto se discutirem pessoas e não se der o passo em frente não avançamos.
Se houve algumas coisas boas, nestes 8 anos, sim houve. Claro. Mas a política da terra queimada, de que no passado estava tudo mal agora é que vai ser, não dá para Caminha.
Se tivessem perdido menos horas a discutir pessoas e usassem esse tempo para em conjunto olhar para Caminha a sério, com olhos de ver, teria sido diferente.
Assim não. Não me revejo na política exercida de perseguição, do insulto e da discussão de pessoas. Aliás, é fácil de ver que, de cada vez que dou a minha opinião sobre algo, da outra parte vem somente o insulto e nunca a opinião contrária sobre o tema quem questão.
A isto temos que por um ponto final.
Respeito, estratégia, trabalho e brio urge no concelho de Caminha.
- LE- Caminha está hipotecada?
LS- Hipotecaram Caminha.
É um facto.
DE mais de 2 milhões em contas a prazo que existiam há 8 anos atrás, passamos a um concelho que está neste momento com medidas de saneamento financeiro impostas neste ultimo ano, onde tiveram que recorrer a uma espécie de “troika”, para que entendam.
Dos cerca de 90 dias a que se pagavam a fornecedores, passados 8 anos paga-se a 240 dias. Isto arruína qualquer empresa e coloca a câmara a fazer a sua vida com dinheiro e bens que não os paga.
Nem as ecovias feitas pela Pólis estão pagas. Até isso está em dívida.
E poderia continuar. Mas penso que as pessoas têm noção do estado financeiro da câmara de Caminha
Mas eu acredito que é possível dar a volta.
Não existem situações financeiras impossíveis de resolver. Para tudo há solução.
Com rigor, profissionalismo, boa gestão, boas escolhas, criteriosas opções conseguimos voltar a erguer o concelho e não precisarmos de andar de chapéu na mão para ninguém.
- LE- Existem assuntos que estão sempre em cima da mesa, como seja: a questão da água e a criação de uma nova empresa e todos os tumultos que tem surgido ao longo do tempo pelos consumidores. Qual a sua posição e do PSD Caminha e que se pretende fazer?
LS- Penso que já respondi anteriormente
Fui contra desde o primeiro minuto, demos conta da nossa posição em reunião de câmara, devidamente sustentada após a análise exaustiva dos documentos que alicerçavam a proposta de constituição da empresa.
Por isso, a nossa posição não muda.
Não concordamos com a constituição desta empresa.
Não beneficia o concelho de Caminha
Não beneficia os munícipes.
- LE- Obviamente , a pergunta terá que ser feita … O lítio vai acontecer na Serra de Arga ou não? Considera que é um assunto fechado e o governo vai avançar?
LS- O Governo vai avançar. Ou melhor, vai querer avançar, aliás já consta em Orçamento de Estado para 2021. Mas nós temos que cá estar a impedir que destruam o que temos de mais valioso.
Eu vou para a linha da frente, ao lado de todos os meus pares, que são os cidadãos dos concelhos afectados por este projecto nacional de mineração, com total humildade. Lutar contra este projecto.E isto não tem nada a ver com eleitoralismos, aliás porque este assunto até fui eu que o levantei na Assembleia da Republica, quando descobri o dossiê e fiquei chocada com o que li.
Faço-o porque amo este concelho e porque, como já referi anteriormente, podem mexer com o que quiserem, mas se beliscam Caminha cá estou para fazer chegar a minha voz até onde conseguir.
A Serra D’Arga não está à venda.
- LE- E, neste aspecto do lítio, considera que a postura do município de Caminha tem sido correcta?
LS- Sabemos todos que não têm tido a melhor postura.
Sabemos a desinformação que tem surgido e as jogadas políticas.
Mas deixarei essa discussão para os órgãos próprios, porque há temas que são discutidos olhos nos olhos e acerca desta matéria as pessoas já sabem com o que contam e com quem contam.
- LE- Vila Praia de Âncora e o seu portinho também foi um dos seus alertas. Qual o ponto da situação?
LS- O Ponto de situação é que se perdeu mais uma oportunidade de incluir a remodelação necessária do Portinho no Plano Nacional de Investimentos 2030, que tem um forte investimento para a área do mar. Não houve em Caminha um executivo que lutasse por isso.
E eu, na oposição, fiz o que pude e alertei, até enquanto deputada, pedindo diretamente ao Governo que o incluíssem e que pudéssemos sanar um problema estrutural de vez. Mais uma vez, deixaram passar a oportunidade.
Mas quero acreditar, que com a força séria, e com a cabeça somente focada no concelho de Caminha ainda vamos conseguir muitas vitórias para melhorar este equipamento.
- LE- O município de Caminha assume como uma das suas bandeiras o turismo, é uma falsa questão?
LS- Falsa questão?
Não.
Diria antes, que é uma opção deste executivo.
Apostaram as cartas todas no turismo e nos espetáculos e esqueceram-se do resto.
Foi a opção. . Foi a bandeira que levantaram.
Eu acho que para além do turismo que é fundamental, sem dúvida, aliás estamos num cantinho único para promover turismo de qualidade, temos que criar condições para que os que cá vivem o ano inteiro possam ter qualidade de vida e isso passa pela criação de uma estratégia de criação de emprego que passe pela captação de industria, à nossa dimensão obviamente, e de investidores fortes em áreas diferenciadoras que nos possam catapultar para o futuro.
LE- Voltando à vila de Caminha, o projecto da marginal de Caminha está totalmente hipotecado ou vai se fazendo devagar, devagarinho?
LS- Nós sabemos o que queremos fazer na marginal de Caminha.
Estamos de costas voltadas para o nosso espelho de Água e temos que reverter isso. Temos que nos virar para o Rio e fazer brilhar todo o potencial que Caminha tem.
Se o projecto da marginal está hipotecado? Não sei. É uma pergunta que terá que fazer ao actual executivo.
Se lá estivéssemos, essa seria uma prioridade e não haveriam hipotecas nem dificuldades que não conseguíssemos superar para alcançarmos a tão querida marginal renovada em Caminha em sintonia e consonância com todas as artérias e com um Centro Histórico magnífico como só nós temos.
- LE- Liliana Silva, para terminar esta nossa conversa, pedia-lhe uma mensagem a todos os emigrantes que um dia foram obrigados a sair do concelho para abraçar outra terra e melhores condições de vida?
LS- Caminha tem potencialidade para voltar a acolher todos os nossos familiares e amigos que um dia tiveram que sair de cá em busca de um futuro melhor. Nós temos em Caminha o que mais ninguém tem.
Só temos que criar condições para que possam voltar com garantias de qualidade de vida, de emprego e de simplificação de serviços urbanísticos e municipais.
Os nossos emigrantes são a parte que nos falta. Cada pessoa que parte em busca de um futuro melhor porque não o consegue no nosso concelho é um atestado ao fracasso enquanto decisores de construtores de pontes de entendimento para captação de investimentos e investidores.
Por cada um que parte uma lágrima deveria ser derramada e usada para lutar para a sua reversão.
Precisamos de gente no concelho, de jovens, de crianças e de vida.
Precisamos dos que partiram, que voltem e que tragam o seu knowhow para voltar a reeguer o nosso concelho.