Portugueses destacam cancelamento do sonho arco-íris de Mandela após 30 anos de democracia



Os portugueses residentes na África do Sul destacaram hoje o cancelamento do projeto de Nação Arco-íris de Nelson Mandela pelo ANC após três décadas de democracia sob a governação do antigo movimento de libertação do líder histórico sul-africano.

“Era na realidade a concretização do sonho de Mandela, de construir uma nação unida, assente em princípios democráticos, as pessoas a viverem em harmonia e em igualdade, e incluído nesse sonho, a liderança do ANC”, declarou Alexandre Santos à Lusa.

“Só que, com os anos, julgo que acabámos por ver, à semelhança do que aconteceu com os [antigos] movimentos de libertação aqui na África Austral, em particular, que se acabou por criar uma elite política inebriada e assoberbada pelo poder que foi a pouco e pouco desfazendo esse sonho”, salientou este licenciado em Direito na África do Sul, onde reside desde 1978.

A África do Sul, a economia mais desenvolvida do continente, assinala em 27 de abril as primeiras três décadas de democracia sob a governação do Congresso Nacional Africano (ANC), antigo movimento de libertação nacionalista liderado por Mandela, que pôs fim à governação do anterior regime de ‘apartheid’ em 1994.

Todavia, no processo de transição de movimento de libertação para partido político, o ANC é acusado de quase “colapso” da economia mais industrializada do continente, distanciando-se dos ideais de Mandela há trinta anos, segundo o conselheiro português Vasco Pinto de Abreu.

“O ANC hoje não tem nada a ver com o ANC de há 30 anos e, devido a isso, o país entrou num colapso total a nível das infraestruturas”, frisou o conselheiro eleito pela área consular de Joanesburgo, a capital económica da África do Sul, um dos principais produtores mundiais de ouro, platina e minério.

“Havia grandes progressos na parte económica, na parte das infraestruturas. Eu diria que, a partir de 2010, a África do Sul colapsou e este ANC não serve, e deram oportunidade a partidos populistas de singrarem, de haver negociatas por cargos, e tudo com o mesmo objetivo que é a corrupção, infelizmente”, adiantou.

Na ótica deste conselheiro português, o partido governante “fracassou” devido às políticas adotadas “depois de os grandes líderes do ANC se terem afastado, começando por Nelson Mandela, e infelizmente o ANC foi tomado por uma rede de corrupção e que não consegue afastar de si”.

Para Ivo de Aguiar, empresário de 58 anos em vários setores, nomeadamente combustíveis, engenharia e restauração, residente no país desde 1974, nos últimos anos “não tem sido fácil".

"Temos ainda uma boa vida, [mas] cada vez está a ficar mais difícil”, disse, destacando os níveis de criminalidade e desemprego que se agravaram “a tal ponto que começa a acontecer mais assaltos".

"Nos negócios há muita gente a ficar desempregada”, acrescentou.

“Este ANC só olha por si, e estão-se marimbando para o povo, porque se cuidassem do povo isto não teria sido assim”, frisou.

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